Comentários de Cinema - Parte 16

Filmes abordados:

Alerta do Espaço, O (Warning From Space / Uchujin Tokyo Ni Arawaru, Japão, 1956)
Batalha dos Monstros, A (Attack of the Monsters / Gamera tai daiakuju Giron, Japão, 1969)
Destruam Toda a Terra (Destroy All Planets / Gamera tai uchu kaijû Bairasu, Japão, 1968)
Gammera – O Monstro Invencível (Gammera the Invincible, EUA, 1966)
Josey Wales – O Fora da Lei (The Outlaw Josey Wales, EUA, 1976)
Monstro de Vênus, O (Zontar, the Thing From Venus, EUA, 1966)
Primeira Espaçonave em Vênus, A (First Spaceship on Venus / Der Schweigende Stern, Alemanha / Polônia, 1960)



* Alerta do Espaço, O (1956) – Direção de Koji Shima. Misteriosos corpos luminosos surgem nos céus da capital do Japão, Tóquio, sendo avistados e estudados por cientistas. São alienígenas do planeta Pairan com uma tecnologia superior que querem alertar a humanidade sobre os perigos fatais de um planeta desgovernado de outra galáxia que está em rota de colisão com a Terra. Com dificuldade de comunicação, eles decidem assumir a forma humana, através de uma sósia de uma cantora e dançarina famosa, Hikari Aozora (Toyomi Karita), entrando em contato com um grupo de cientistas formado pelo Dr. Kamura (Bontaro Miake), o físico Dr. Matsuda (Isao Yamagata) e o Dr. Toto Isobe (Shozo Nanbu). A intenção dos extraterrestres é ajudar sugerindo um ataque com armas nucleares no planeta para tentar destruí-lo ou desviar sua rota, mas o plano falha restando uma última tentativa através de um potente explosivo cuja fórmula foi criada pelo Dr. Matsuda e produzida com o auxílio dos seres do espaço. Primeiro filme japonês de Ficção Científica com fotografia em cores, “O Alerta do Espaço” tem como maior destaque a presença dos alienígenas, mesmo que poucas vezes, num excercício de bizarrice impagável, com atores fantasiados num traje amarelo em forma de estrela e com um único olho imenso no centro, na altura da barriga. Provavelmente, as criaturas do planeta Pairan estão entre as mais ridículas em aparência da história do cinema bagaceiro de Horror e FC, e por isso mesmo garantem uma diversão memorável. De resto, o roteiro esbarra em clichês o tempo todo, com cientistas tentando encontrar um meio de salvar o mundo do choque com outro planeta, além da presença de elementos de conspiração através de uma organização secreta querendo se apossar da descoberta do explosivo. O desfecho óbvio e previsível se resume com a interferência dos alienígenas na solução do problema, cujas consequências também os afetariam, pois seu planeta possui órbita similar ao da Terra, porém no outro lado do Sol. Vale destacar também que esse é um dos poucos filmes que procuraram retratar alienígenas com intenções pacíficas ao invés de propósitos tiranos de invasão e conquista, como a maioria esmagadora dos filmes do gênero. A cena de transformação de um alienígena para a forma humana, através de uma máquina, é uma referência direta ao filme alemão “Metrópolis” (1927), numa sequência similar entre um robô mecânico e a personagem Maria. Foi lançado em DVD no Brasil junto com “Gammera – O Monstro Invencível” (1965), numa versão dublada em inglês e legendas em português. (RR – 12/11/09)

* Batalha dos Monstros, A (1969) – Direção de Noriaki Yuasa. Duas crianças, o japonês Akio (Nobuhiro Kajima) e o americano Tom (Christopher Murphy), avistam num telescópio caseiro um disco voador que aterrissou perto da casa do primeiro, ao mesmo tempo em que um cientista, Dr. Shiga (Eiji Funakoshi), está estudando a origem de misteriosos sinais vindos do espaço, sendo interrogado pela imprensa. As crianças vão ao encontro da nave e ao entrarem no interior, são transportados por controle remoto ao planeta de origem, chamado Tera, que é similar ao nosso planeta, com mesma atmosfera, e situado no outro lado do Sol (ideia reciclada e já utilizada em “O Alerta do Espaço”, 1956). Esse planeta é habitado por duas mulheres, Barbella e Flobella, as únicas sobreviventes de uma civilização avançada tecnologicamente, mas que permitiu que um computador rebelde criasse monstros gigantes que dominam o lugar. As alienígenas conseguiram aprisionar e manter sob controle como um cão de guarda um desses monstros, Guiron, que é uma espécie de rinoceronte com uma lâmina de aço na cabeça. Elas então sequestram as crianças para devorar seus cérebros e adquirir seus conhecimentos, obtendo informações sobre a Terra. Mas o monstro voador Gamera está atento e parte para o planeta para defender os pirralhos e travar uma batalha contra Guiron. Distribuído no Brasil em DVD junto com “Destruam Toda a Terra” (1968), “A Batalha dos Monstros” tem fotografia em cores e dublagem em inglês, sendo mais um episódio dentro do universo ficcional da tartaruga gigante Gamera, que depois de ser apresentada no filme de origem “Gammera – O Monstro Invencível” (1966), agora é uma criatura “amiga das crianças” e “defensora da humanidade”. O roteiro é completamente ridículo, cheio de diálogos banais, personagens insignificantes e carregado de situações bagaceiras ao extremo. Todas as cenas com Gamera são toscas e hilárias de tão mal feitas, com direito até a uma performance do monstro numa espécie de barra acrobática parecendo um ginasta olímpico. Além de outra cena memorável de tão ruim onde a tartaruga imensa, que a propósito, voa pelo espaço com jatos propulsores, conserta uma nave cortada ao meio juntando os pedaços e soprando como se fosse uma vela de aniversário. Tanto Gamera como Guiron são interpretados por atores vestidos em trajes de borracha e com olhos de peixe morto, e as cenas de batalhas entre ambos são memoráveis de tão ruins. As instalações da base alienígena no planeta Tera possuem todos aqueles elementos clichês dos filmes “B” antigos de FC, com cenários coloridos e repletos de aparelhos eletrônicos futuristas. (RR – 12/11/09)

* Destruam Toda a Terra (1968) – Direção de Noriaki Yuasa. Uma nave alienígena hostil quer dominar e colonizar a Terra. Sua forma é um conjunto de esferas amarelas com listras pretas, e os invasores são criaturas com tentáculos disfarçadas de humanos. Uma dupla de jovens escoteiros, o japonês Masao Nakaya (Tôru Takatsuka) e seu amigo americano Jim Crane (Carl Craig), são especialistas em fazer trotes e brincadeiras, como o que fizeram com um pequeno submarino projetado pelo cientista Dr. Dobie (Peter Williams), cujos controles foram invertidos, e são sempre repreendidos pelo chefe dos escoteiros, Sr. Shimida (Kojiro Hongo). Porém, as crianças não imaginariam a encrenca em que iriam se meter quando são sequestradas pelos alienígenas, despertando a fúria do monstro protetor Gamera, uma tartaruga imensa que voa e solta fogo pela boca, que parte furiosa na salvação dos meninos. Na batalha, os alienígenas conseguem instalar um mecanismo de controle cerebral no monstro, obrigando-o a se voltar contra os humanos, destruindo uma represa e uma usina elétrica, ameaçando a segurança de Tóquio, a capital do Japão e a cidade preferida para os mais diversos monstros atacarem. Lançado em DVD pela “Works” num programa duplo com “A Batalha dos Monstros” (1969). Aqui, temos novamente outro filme com Gamera, tão ruim quanto os demais, com efeitos especiais paupérrimos e uma história básica cheia de furos e muito similar ao filme seguinte da série, demonstrando a falta de criatividade dos roteiristas, fazendo com que os filmes de monstros japoneses se pareçam demais uns com os outros. Dessa vez, em “Destruam Toda a Terra”, para preencher a duração de cerca de uma hora e meia, os realizadores optaram por inserir várias cenas de cansativas lutas entre Gamera e monstros rivais, retiradas de outros filmes. E não faltam mais outras novas sequências toscas também como uma em especial mostrando Gamera literalmente surfando sobre um monstro inimigo, formado pela união de vários alienígenas com tentáculos, que se juntaram numa única criatura enorme para combater a tartaruga voadora. De uma forma geral, o filme é até divertido com tanta cena bagaceira para todos os lados, mas dependendo da situação, também cansa bastante e torna-se um convite ao sono. (RR – 12/11/09)

* Gammera – O Monstro Invencível (1966) – Direção de Noriaki Yuasa e Sandy Howard. Em plena época de grande tensão mundial com a guerra fria, um navio de pesquisas japonês está no polo Ártico, próximo da fronteira com a Sibéria. Eles avistam um grupo de aviões russos fora de seu espaço aéreo e os Estados Unidos são alertados para interceptar os intrusos, causando um incidente internacional com a derrubada de um dos aviões inimigos, que carregava uma bomba atômica, explodindo a geleira e libertando um monstro gigantesco que hibernava por 200 milhões de anos. A criatura ancestral, com uma altura de cerca de 50 metros, é semelhante a uma tartaruga dinossauro, conhecida em lendas como “Gammera”, que cospe fogo pela boca e tem a capacidade de voar. O monstro gigante logo ataca o navio e parte pelo oceano em direção ao Japão, destruindo tudo pelo caminho, despertando a atenção mundial para um trabalho cooperativo internacional entre os exércitos de vários países na tentativa de deter o monstro. Uma vez que ele se mostra invulnerável ou “invencível” como diz o subtítulo do filme, não cedendo aos ataques maciços com armas de todos os tipos (inclusive nucleares), além de vapores quentes de uma usina geotérmica e até bombas congelantes, a esperança da humanidade está num misterioso “Plano Z”, mantido em sigilo pelas “Nações Unidas”. O objetivo é atrair a tartaruga gigante para uma ilha japonesa, que esconde um segredo que pode acabar com sua ameaça. Em 1965 foi produzido um filme japonês com o monstro “Gammera”, que um ano depois se transformou numa versão lançada pelos Estados Unidos, incluindo apenas algumas cenas adicionais e atores americanos como Albert Dekker (do clássico “O Delírio de Um Sábio”, 1939), que fez o Secretário de Defesa, Brian Donlevy (de “A Maldição da Mosca”, 1965), que interpretou o General Terry Arnold, e Dick O´Neill (General O´Neill). A partir de então, a tartaruga gigante que cospe fogo passou a participar de inúmeros filmes, principalmente na década de 60 e início dos anos 70. Os famosos monstros gigantes japoneses como Godzilla e outros similares, se transformaram num subgênero do cinema bagaceiro de horror muito cultuado pelos fãs, e são tantos filmes produzidos dentro desse tema que é difícil catalogar. Geralmente utilizando argumentos inspirados pela paranóia da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética, e o medo das consequências do uso de armas atômicas para o futuro da humanidade. Foi lançado em DVD num programa duplo com “O Alerta do Espaço” (1956). (RR – 12/11/09)

* Josey Wales – O Fora da Lei (1976) – Dirigido e estrelado por Clint Eastwood, é um dos grandes filmes de western da história do gênero, assim como “Os Imperdoáveis” (1992), também de Eastwood e com Morgan Freeman. Depois que Josey Wales (Eastwood), um fazendeiro do Estado de Missouri, perdeu sua esposa e filho, assassinados num ataque criminoso que incendiou sua casa, liderado por soldados da união durante o fim da guerra civil dos Estados Unidos, ele torna-se um renegado sulista à procura de vingança. Suas habilidades com as armas de fogo e a imensa quantidade de homens mortos por suas mãos, o tornaram popular e temido, sendo perseguido pelo exército dos “barrigas azuis” e com a cabeça colocada à prêmio, instigando os caçadores de recompensas. Josey Wales encontra em seu caminho um velho índio renegado, Lone Watie (Chief Dan George), e junto com outras pessoas, eles procuram um lugar para viver nas terras selvagens do Kansas ou Texas. Mas, o procurado pistoleiro precisa constantemente lutar por sua vida numa guerra que para ele ainda não acabou. Obra prima do western, lançada em DVD no Brasil pela Warner. São 135 minutos de uma história interessante que mantém a atenção o tempo todo, onde acompanhamos a saga sangrenta de um homem em busca de liberdade e paz pessoal para livrar-se dos tormentos causados pelo assassinato brutal de sua família nos conflitos da guerra civil. Homem frio de poucas palavras e expressão rude, seus feitos como um renegado considerado fora da lei e a simples menção de seu nome, desperta temor nos mais bravos criminosos. Sua característica em cuspir sempre que está contrariado ou para desafiar os inimigos é um dos pontos fortes e muitas vezes hilários, principalmente quando o alvo de sua saliva é um cachorro vira lata que o acompanha em parte de sua jornada. Juntamente com uma cena antológica de um tenso, marcante e memorável diálogo com o chefe índio Ten Bears (Will Sampson), sobre liberdade, fraqueza da humanidade, falsa política dos homens dos governos e o direito à vida (ou à morte) em paz. Clint Eastwood está excepcional no papel principal e também atrás das câmeras. Certamente é um dos grandes nomes do cinema em todos os tempos, especialmente no fascinante gênero western. (RR – 29/11/14)

* Monstro de Vênus, O (1966) – Direção de Larry Buchanan. Keith Ritchie (Anthony Huston) é um cientista brilhante que inventa um sofisticado equipamento capaz de se comunicar com o distante planeta Vênus. Paralelamente, um importante projeto militar chefiado pelo também cientista Dr. Curt Taylor (John Agar), consiste em lançar ao espaço um satélite a laser. Ao se comunicar com Vênus, Keith entra em contato com uma criatura chamada Zontar, que utiliza o satélite para se transportar até a Terra. Ele acredita que está fazendo algo para o bem da humanidade, ou seja, um contato com uma raça alienígena superior que nos ajudaria a acabar com as guerras e problemas de nosso planeta. Porém, as intenções de Zontar são hostis, com objetivos de conquista num plano de invasão para sugar a energia do planeta e que consiste em controlar autoridades através de um sensor colocado em suas cabeças por morcegos venusianos. Dessa forma, resta apenas a tentativa da bela esposa de Keith, Martha Ritchie (Susan Bjurman), em alertar o marido sobre o equívoco em ajudar Zontar, e também do amigo Dr. Curt Taylor, que logo percebe o plano maquiavélico do alienígena e parte para o confronto para salvar a humanidade. “O Monstro de Vênus” é uma refilmagem de “It Conquered the World” (1956), dirigido por Roger Corman e com Peter Graves, Beverly Garland e Lee Van Cleef. Foi lançado em DVD junto com “A Primeira Espaçonave em Vênus” (1960), e tem a participação do ator John Agar (1921 / 2002), conhecido por interpretar geralmente “cientistas loucos” em inúmeros filmes “B” de horror e ficção científica como “Revenge of the Creature” (1955), “Tarantula” (1955), “The Mole People” (1956), “The Brain From Planet Arous” (1957), “Attack of the Puppet People” (1958), “Invisible Invaders” (1959), “Journey to the Seventh Planet” (1962), “Women of the Prehistoric Planet” (1967), entre outras pérolas do cinema fantástico de baixo orçamento. O filme é uma tranqueira de proporções colossais, desde a produção paupérrima, passando pelo roteiro superficial, até os efeitos especiais bagaceiros, como o satélite a laser (um típico disco voador), os “injectopods” (uma espécie de morcego alienígena ridículo cujas cenas dos ataques em vôos rasantes são hilários de tão mal feitos), e o próprio Zontar, um monstro com três olhos e um par de asas, que está entre os mais bizarros vilões dos filmes sobre invasão alienígena. Na história, percebemos referências a clássicos da ficção científica como “O Dia Em Que a Terra Parou” (1951), quando Zontar paraliza o planeta, interrompendo todos os serviços de fornecimento de água, luz, telefone e máquinas em geral, instaurando o pânico na população desorientada, e “Vampiros de Almas” (1956), ao controlar as pessoas através de um sensor instalado na nuca, transformando-as em seres obedientes, artificiais e desprovidos de emoções. Como a maioria dos filmes do período, o roteiro também explora a tensão da guerra fria, alegando que o corte de energia seria uma sabotagem comunista, e que as pessoas controladas por Zontar seriam frias e insensíveis. (RR – 12/11/09)


* Primeira Espaçonave em Vênus, A (1960) – Direção de Kurt Maetzig. Um objeto estranho é encontrado levando um grupo de cientistas a investigar sua origem. Eles chegam à conclusão que é proveniente do planeta Vênus, vindo com a queda de uma imensa nave que se acidentou na Terra. A partir daí, é formada uma expedição de celebridades do mundo das ciências para uma viagem inédita a bordo de um foguete chamado “Cosmostrater”, rumo à Vênus para explorar o planeta e descobrir indícios de vida alienígena. O grupo é formado por oito cientistas de diversas nacionalidades: o americano e comandante da missão Harringway Hawling (Oldrich Lukes), o polonês chefe de engenharia e entusiasta em xadrez Orloff (Ignacy Machowski), o chinês especialista em idiomas Tchen Yu (Tang Hua-Ta), o matemático indiano Sikarna (Kurt Rackelmann), o francês expert em robôs Durand (Michail N. Postnikow), criador do robô de exploração “Omegan”, o piloto alemão Robert Brinkmann (Gunther Simon), o técnico em navegação e comunicação africano Talua (Julius Ongewe), e a única mulher da equipe, a bela médica japonesa Sumiko Ogimura (Yoko Tani). Eles partem então para Vênus, passando pela base “Lunar 3”, instalada na Lua. Lá, encontram um planeta deserto envolvido em névoas, além de misteriosos insetos metálicos, uma floresta vitrificada e os restos de uma civilização abatida por uma catástrofe nuclear que dizimou os habitantes. Descobrem também as intenções hostis dos venusianos antes da tragédia. A história de “A Primeira Espaçonave em Vênus” é ambientada em 1985, que curiosamente significava um futuro distante para a época de produção do filme (1960) e um passado já longo também para nosso momento atual. O roteiro é baseado em obra literária do ucraniano Stanislaw Lem, o mesmo autor de “Solaris”, e a direção foi do alemão Kurt Maetzig. O filme é curto (apenas 78 minutos), provavelmente por questões orçamentárias e por isso percebe-se claramente a rapidez com que os eventos acontecem. Um narrador procura apresentar uma introdução com a equipe de cientistas e a descoberta de um misterioso artefato de origem alienígena, e a partir daí, a história ganha uma dinâmica evidenciando a longa viagem espacial e a exploração de Vênus. Novamente temos um super computador com cérebro eletrônico controlando a nave, não faltando sempre todos os elementos característicos das produções de Ficção Científica do período, com excesso de luzes piscando e painéis cheios de controles e botões. O filme é divertido por instigar o espectador e fã do gênero fantástico a viajar e explorar juntamente com os cientistas o desconhecido planeta Vênus, alertando para os perigos de armas nucleares e o medo de invasões alienígenas. Lançado em DVD junto com “O Monstro de Vênus” (1966). (RR – 12/11/09)

Comentários de Cinema - Parte 15

Filmes abordados:

Amantes do Dr. Jekyll, As (Les Maîtresses Du Dr. Jekyll / El Secreto del Dr. Orloff, França / Espanha / Áustria, 1964)
Batalha no Espaço Estelar (War of the Planets / Battaglie Negli Spazi Stellari, Itália, 1977)
Eles Vieram do Espaço Exterior (They Came From Beyond Space, Inglaterra, 1967)
Fantástico Homem Transparente, O (The Amazing Transparent Man, EUA, 1960)
Invasor Galáctico, O (The Galaxy Invader, EUA, 1985)
Planeta Fantasma, O (The Phantom Planet, EUA, 1961)
Retrato de Um Pesadelo (Night Gallery, EUA, 1969)
The Wizard of Gore (EUA, 1970)
Um Mundo Desconhecido (Unknown World, EUA, 1951)


* Amantes do Dr. Jekyll, As (1964) – Mais uma pérola do cinema europeu de horror, numa co-produção entre França, Espanha e Áustria, lançado por aqui em DVD na coleção “Clássicos do Terror”, da “Vinny Filmes”, com direção e roteiro de Jesus Franco e fotografia em preto e branco. Sequência de “O Terrível Dr. Orloff” (1962), a história agora apresenta as atividades sinistras do cientista Dr. Conrad Fisherman, interpretado por Marcelo Arroita-Jáuregui (teve uma versão do filme onde seu sobrenome era Jekyll, e por isso um dos inúmeros títulos foi “As Amantes do Dr. Jekyll”). Ele foi discípulo do cientista Dr. Orloff, que em seu leito de morte, repassou uma série de anotações sobre estudos envolvendo ondas de rádio ultrasônicas que permitiriam gerar movimentos num ser humano morto. De posse dessas informações, o Dr. Fisherman realiza experiências em seu laboratório num tétrico castelo, e consegue trazer de volta para caminhar entre os vivos seu irmão Andros (Hugo Blanco), assassinado por ele numa reação passional por causa da traição de sua esposa infeliz, Ingrid (Luisa Sala). Uma vez controlando as ações do zumbi, o cientista utiliza-o para matar violentamente por estrangulamento várias mulheres nos arredores, colocando também em risco a vida de sua jovem sobrinha Melissa (Agnes Spaak), que acabara de chegar ao castelo e descobre uma terrível relação com o autor das mortes. E também despertando a atenção de uma investigação policial liderada pelo Inspetor Klein (Pastor Serrador). Filme que faz parte da safra de histórias góticas criadas e dirigidas pelo cultuado cineasta espanhol Jesus Franco, numa atmosfera sombria de constante mistério, não faltando o tradicional cientista louco e sua criatura, um assassino de luvas pretas. (RR – 13/07/14)

* Batalha no Espaço Estelar (1977) – Direção de Al Bradley (pseudônimo de Alfonso Brescia). O Capitão Alex Hamilton (John Richardson) é um astronauta respeitado, mas também conhecido pelos atos de indisciplina e aversão aos computadores. Ele é o comandante da nave espacial MK-31, que é chamada para investigar a origem de misteriosos sinais no espaço, juntamente com outros tripulantes como a bela Meela (Yanti Somer). Sua nave encontra um planeta, e ao pousar descobre uma região inóspita e mergulhada em escuridão (as noites são extremamente longas, com centenas de horas). Dentro de uma caverna sua equipe encontra um portal dimensional que os leva ao encontro de uma raça de alienígenas humanóides com pele pintada numa cor mista de verde e azul e com orelhas pontudas (no estilo do “Spock” de “Star Trek”), liderados pelo chefe Etor (Aldo Canti). A princípio, eles se mostram hostis e depois acabam até aceitando a ajuda dos humanos para enfrentar a pior descoberta que ainda viria: o planeta é controlado por um super computador inteligente que tem escravizado os habitantes. No passado, eles viviam felizes em harmonia com as máquinas, que lhes serviam e davam conforto, porém certo dia eles foram atacados por inimigos de outro planeta e tudo foi destruído, restando apenas um único computador que possuía o conhecimento para gerar novas máquinas, mas com propósitos de conquistar a galáxia, escravizando a civilização local. Esse computador psicopata, na intenção de tornar-se ainda mais potente e perfeito, enviou sinais ao espaço para atrair a atenção dos astronautas da Terra, e forçá-los a instalar um componente eletrônico que o deixaria mais forte para poder colocar em prática seu plano tirano e conquistador. Típico filme bagaceiro italiano com excesso de cores, visual exagerado e naves e estações espaciais com painéis de controle repletos de luzes piscando e botões para todos os lados. O roteiro é simples demais e com uma overdose de clichês, e a narrativa é na maior parte do tempo muito arrastada, gerando uma significativa dose de tédio no espectador, incitando-o ao sono. A ideia de explorar o tema dos computadores dominando civilizações, enfatizando o propósito de tirania, já havia sido visto inúmeras vezes antes, não conseguindo empolgar. Foi lançado em DVD no Brasil junto com “O Planeta Fantasma” (1961), que apesar de ser bem tosco, é ainda assim melhor que esse “Batalha no Espaço Estelar”, que vale mesmo apenas como curiosidade. (RR – 12/11/09)   

* Eles Vieram do Espaço Exterior (1967) – Direção de Freddie Francis. Uma misteriosa chuva de meteoritos ocorre numa fazenda no interior da Inglaterra, chamando a atenção do governo, que convoca o cientista Dr. Curtis Temple (Robert Hutton) e sua namorada e assistente Lee Mason (Jennifer Jayne), entre outros, para estudar o fenômeno. Porém, todos que entram em contato com os meteoros que vieram do espaço exterior são possuídos por alienígenas formando uma conspiração que trabalha secretamente na fazenda com objetivos obscuros. Exceto pelo Dr. Temple, que por ter uma placa de prata no cérebro por causa de um grave acidente de carro, se mantém ileso do poder mental dos extraterrestres. Produção inglesa da “Amicus”, de Max J. Rosenberg e Milton Subotsky, a grande rival da “Hammer” durante os anos 60 e meados dos 70. A direção é de Freddie Francis, o mesmo cineasta de preciosidades como “O Monstro de Frankenstein” (1964), “As Torturas do Dr. Diabolo” (1967), “Drácula, O Perfil do Diabo” (1968), “Contos do Além” (1972), “A Essência da Maldade” (1973), entre outras. Tem também a participação, apesar de pequena apenas nos dez minutos finais, do malaio Michael Gough (interpretando o líder dos alienígenas), um ator com um rosto conhecido em diversos filmes significativos como “O Vampiro da Noite” (1958) e “O Fantasma da Ópera” (1962). Lançado em DVD por aqui pela “Works”, junto com “O Invasor Galáctico” (1985), vale registrar uma atenção especial com um tremendo spoiler incluso na sinopse que está disponível no menu do disco, revelando o objetivo dos alienígenas ao manipular os seres humanos, um detalhe que é melhor apreciado se descobrirmos vendo o filme. (RR – 12/11/09)

* Fantástico Homem Transparente, O (1960) – Direção de Edgar G. Ulmer. Um presidiário perigoso, Joey Faust (Douglas Kennedy), especialista em arrombar portas e cofres, escapa da penitenciária com a ajuda da bela Laura Matson (Marguerite Chapman), que o aguarda de carro numa estrada próxima. A fuga faz parte de um plano do ambicioso Major Paul Krenner (James Griffith), que quer usar o criminoso como cobaia numa experiência de invisibilidade conduzida pelo cientista nuclear alemão Dr. Peter Ulof (Ivan Triesault), um refugiado da segunda guerra mundial, que trabalha contra sua vontade, sendo chantageado pelo militar americano que mantém sua filha como refém. O objetivo é formar um exército de soldados invisíveis para obter vantagem e lucros nas guerras. sendo chanteaadedogunda guerra mundial, ntistaadrtrada pr escapa da pro Lançado em DVD no Brasil junto com “Um Mundo Desconhecido” (1951), “O Fantástico Homem Transparente” tem um título sonoro, produzido em preto e branco e sendo exageradamente curto (apenas 57 minutos), parecendo mais um episódio de alguma série de TV com elementos fantásticos no estilo “Além da Imaginação”. É tão rápido que a história carece de mais detalhes, onde tudo é apresentado com pressa e sem a intenção de explorar melhor as ideias. Os personagens são tão superficiais e mal apresentados que nem é possível imaginar com clareza suas origens e motivações. O tema central é novamente aproveitar os efeitos da guerra fria e a ameaça da era atômica para mostrar um cientista fazendo experiências malucas num laboratório secreto, com a finalidade de transformar homens em seres transparentes, obtendo assim vantagens em missões de espionagem. Mas aqui, ao contrário dos outros filmes similares sobre homens invisíveis, o roteiro nem se preocupou com detalhes e o presidiário tornava-se invisível juntamente com suas roupas, quando normalmente apenas o corpo deveria ficar transparente. (RR – 12/11/09)

* Invasor Galáctico, O (1985) – Direção de Don Dohler. Uma nave espacial cai acidentalmente numa floresta nos arredores de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Um rapaz, David Harmon (Greg Dohler) testemunha a queda e juntamente com um ex-professor, Dr. William Tracy (Richard Dyszel), tenta localizar os destroços e ajudar o “invasor galáctico”. Porém, um grupo local de caipiras bêbados e estúpidos, liderados por Joe Montague (Richard Ruxton) e Frank Custor (Don Leifert), quer capturá-lo para ganhar dinheiro com a descoberta. Bagaceira total de 1985, uma produção “Z” que tenta intencionalmente resgatar a idéia e atmosfera típica dos filmes dos anos 50 e 60, conseguindo o objetivo, remetendo o espectador às produções “trash” daquele período. Tudo é tosco ao extremo, desde o elenco amador, os diálogos banais, o roteiro óbvio, a inexistência de efeitos especiais (a cena da nave caindo é hilária), até a presença de um alienígena verde com roupa de borracha, que cometeu o erro fatal de cair no planeta errado. Lançado no Brasil em DVD pela “Works” junto com “Eles Vieram do Espaço Exterior” (1967), vale destacar uma cena ultra bagaceira com o arremesso de um boneco, digo, corpo, do alto de um barranco, sendo um desafio para o espectador não cair na gargalhada. Para finalizar, um momento de confissão: fiquei com pena do alienígena na sequência final. (RR – 12/11/09)

* Planeta Fantasma, O (1961) – Direção de William Marshall. A humanidade possui uma base de pesquisas na Lua, de onde foguetes partem para explorações espaciais. Porém, um imenso objeto parecido com um planeta tem causado destruição colidindo contra naves terrestres, surgindo de repente no espaço e desaparecendo misteriosamente. Apelidado de “planeta fantasma”, um astronauta renomado, Capitão Frank Chapman (Dean Fredericks), é enviado numa missão de investigação, junto com o Tenente Ray Makonnen (Richard Weber), que acidentalmente se perde no espaço ao tentar reparar um problema externo no foguete. Quanto à Chapman, ele acaba pousando no tal planeta chamado Raiton, que abriga uma raça de humanóides em miniatura, uma civilização avançada tecnologicamente (tanto que transformaram o planeta numa espécie de nave gigante), mas que preferiram viver de forma primitiva, abolindo as máquinas e o luxo de uma vida entediante, optando pela luta pela sobrevivência. O astronauta terrestre também diminui de tamanho em contato com a atmosfera local e passa a viver entre os alienígenas, liderados pelo veterano Sessom (Francis X. Bushman), tendo que enfrentar a antipatia do rival Herron (Anthony Dexter), além de escolher uma namorada entre a loira ambiciosa Liara (Coleen Gray) e a bela morena silenciosa Zetha (Dolores Faith), enquanto planeja um meio de retornar ao tamanho natural e voltar para a base lunar. Curiosamente, o filme é ambientado em 1980, um futuro de duas décadas em relação à época de produção (1961), com a Terra mantendo uma base na Lua e com viagens espaciais regulares, porém, ao contrário das previsões otimistas dos escritores de ficção científica, após cerca de três décadas depois desse período abordado no roteiro, ainda caminhamos lentamente em relação à exploração espacial. “O Planeta Fantasma” tem fotografia em preto e branco e foi lançado em DVD juntamente com a space opera italiana “Batalha no Espaço Estelar” (1977). A história é até interessante, abordando um planeta que se move como uma nave e é habitado por uma civilização miniaturizada que vive uma situação paradoxal, possuindo grande conhecimento científico e ao mesmo tempo preferindo uma vida primitiva ao extremo. Os efeitos especiais são precários e exageradamente toscos, apesar da produção de cerca de meio século atrás, onde destaco no quesito “momento bagaceiro” o ataque das naves incendiárias dos solarites, uma raça inimiga dos humanóides, e a presença de um destes alienígenas horrendos com olhos esbugalhados, interpretado pelo gigante ator Richard Kiel, escondido numa fantasia de borracha típica dos filmes dos anos 50 e 60, não faltando a clássica cena do monstro carregando nos braços uma bela mulher desacordada. (RR – 12/11/09)

* Retrato de Um Pesadelo (1969) – “Boa noite, e bem vindos à exposição particular de três quadros, expostos aqui pela primeira vez. Cada um deles é um item de colecionador a sua própria maneira, não por causa de alguma qualidade artística especial, mas porque cada um captura, suspenso no tempo e espaço, um momento gelado de um pesadelo”. Essa é a introdução narrada por Rod Serling (o criador da série “Além da Imaginação”) para apresentação do filme piloto “Retrato de Um Pesadelo” (Night Gallery), que deu origem à série de TV “Galeria do Terror” (1970 / 1973), dividida em episódios com elementos de horror sobrenatural. O filme piloto traz três histórias independentes, porém todas relacionadas com seus protagonistas enfrentando uma fúria vingativa em retaliação por seus atos de crueldade. Foi exibido originalmente em 08/11/1969 com os episódios “The Cemetery”, “Eyes” e “The Escape Route”, todos com roteiro de Rod Serling. Na primeira história, com direção de Boris Sagal, um velho pintor rico, gravemente doente e recluso em sua enorme mansão, William Hendricks (George Macready), recebe a visita indesejada do único sobrinho, Jeremy Evans (Roddy McDowall), interessado apenas na herança e entrando em conflito com o fiel mordomo Osmund Portifoy (Ossie Davis). O jovem intruso, pensando na fortuna do tio, tem planos para abreviar o sofrimento do velho e aproximá-lo mais rápido da tumba, mas não esperava a ocorrência de uma misteriosa manifestação através das pinturas dos quadros mórbidos espalhados pela casa. Ótima história que lembra aqueles nostálgicos quadrinhos clássicos de horror e a típica ambientação sombria de uma imensa mansão com os mortos em busca de vingança para aliviar seus tormentos. Em “Eyes”, na estreia profissional de direção pelo hoje aclamado Steven Spielberg, uma idosa milionária, solitária, infeliz, arrogante e cega, Srta. Claudia Menlo (Joan Crawford), está disposta a pagar muito dinheiro por olhos que lhe dariam a visão por cerca de 12 horas, com o auxílio de um médico, Dr. Frank Heatherton (Barry Sullivan). O doador é um homem desesperado à beira da falência, Sidney Resnick (Tom Bosley), que aceita a cegueira em troca de amenizar suas dívidas. Mas as coisas não funcionam exatamente como planejado. Os nomes de Spielberg e Crawford já anunciam a qualidade do resultado, numa história escura (literalmente), e repleta de amargura, onde o dinheiro não compra a paz e felicidade. No último episódio, “The Escape Route”, dirigido por Barry Shear, temos um ex-oficial alemão, Josef Strobe (Richard Kiley), refugiado ilegalmente na América do Sul e que está sendo perseguido pela polícia por seus crimes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial nos campos de concentração. Ele vive atormentado por fantasmas de seu passado de cruéis assassinatos. Depois que é reconhecido por um velho sobrevivente judeu, Bleum (Sam Jaffe), tenta fugir, visitando constantemente um museu onde admira uma pintura de um pescador. Seu desejo é entrar no quadro, mas não imagina que está mais perto do inferno do que da tranquilidade de um lago rodeado de montanhas. É o episódio mais fraco dos três, mas ainda assim interessante e com um desfecho perturbador. (RR – 19/08/14)

* The Wizard of Gore (1970) – O diretor americano Herschell Gordon Lewis (nascido em 1929) é conhecido e cultuado por seus filmes splatter ousados e carregados de violência e cenas sangrentas numa época ainda precursora do gênero (anos 60 e início de 70 do século passado), quando as produções não contavam com o apoio da computação gráfica e apenas os efeitos de maquiagem tentavam reproduzir a carne humana dilacerada. Filmes como “Banquete de Sangue” (1963), “Maníacos” (1964), “Color Me Blood Red” (1965), “The Gruesome Twosome” (1967), “The Wizard of Gore” (1970) e “Gore Gore Girls” (1972) são exemplos de sua obra cinematográfica de orçamentos reduzidos e sangue em profusão, deixada como legado para a história do gênero. Em “The Wizard of Gore”, temos um mágico ilusionista, Montag, o Magnífico (Ray Sager), que apresenta shows onde são escolhidas jovens mulheres na plateia para serem assassinadas no palco das maneiras mais brutais. Desde uma serra elétrica rasgando a barriga, ou o cérebro perfurado por uma talhadeira, passando por tripas dilaceradas por uma prensa hidráulica, até espadas que rasgam a boca e garganta de suas vítimas. Tudo como parte de um truque de ilusão, ou não... Em meio a tudo isso, como espectadores, está um casal formado por uma apresentadora de televisão, Sherry Carson (Judy Cler) e seu namorado, um jornalista esportivo, Jack (Wayne Ratay), que tenta investigar o mistério que envolve o espetáculo macabro do mágico e alguma conexão com o surgimento de mulheres mortas de forma violenta. O filme está longe de ser um exemplo de cinema de qualidade, com ritmo narrativo arrastado e efeitos toscos ao extremo e nitidamente falsos, além de atuações risíveis de um elenco inexpressivo. Mas, o que realmente destacam-se são as cenas do espetáculo de horror do “mágico do gore”, e a ousadia do diretor H. G. Lewis em explorar cenas sangrentas numa época de 50 anos atrás, num fato que deve ser enaltecido, tornando “The Wizard of Gore” uma preciosidade recomendável que faz parte das obras precursoras do “splatter”. Curiosamente, teve uma refilmagem lançada em 2007, com direção de Jeremy Kasten e com nomes importantes no elenco como Crispin Glover, Jeffrey Combs e Brad Dourif, recebendo por aqui o título de “O Mágico Sanguinário”. (RR – 17/09/14)

* Um Mundo Desconhecido (1951) – Direção de Terrell O. Morse. Após duas guerras mundiais e a ameaça gerada pela era atômica com a paranóia de uma catástrofe fatal para nosso planeta, o cientista Dr. Jeremiah Morley (Victor Kilian, não creditado por perseguição do Marcathismo) funda uma “Sociedade Para Salvar a Civilização”, reunindo uma equipe de outros cientistas com o objetivo de apresentar um projeto alternativo para a humanidade: explorar o centro da Terra em busca de um abrigo geológico que pudesse servir de refúgio para o iminente holocausto nuclear. A bordo de um veículo chamado “cyclotram” (uma espécie de tanque blindado com uma broca perfuratriz na proa), temos uma expedição formada pelo geofísico Dr. Max A. Bauer (Otto Waldis), o engenheiro de sistemas Dr. James Paxton (Tom Handley), a bela médica e bioquímica Dra. Joan Lindsey (Marilyn Nash), o técnico em estudos de solos Dr. George Coleman (Dick Cogan), e o especialista em explosivos Andrew Ostergaard (Jim Bannon). Para fechar o grupo, um último membro é aceito de forma forçada, o aventureiro milionário Wright Thompson (Bruce Kellogg), financiador do projeto. Entre os perigos enfrentados nessa aventura, temos a presença de gases venenosos mortais, a falta de água para consumo e a erupção de um vulcão interno. Existem vários filmes com o tema de exploração do interior do planeta, onde destaca-se o clássico inspirado no livro homônimo de Julio Verne “Viagem ao Centro da Terra” (1954). Em “Um Mundo Desconhecido”, fotografado em preto e branco, a história é interessante ao evidenciar o medo da humanidade daquele período conturbado da guerra fria (início dos anos 50) com o efeito destrutivo de bombas atômicas, levando à idéia de procurar alternativas para a sobrevivência, enfatizando uma providencial fuga para o centro da Terra. Porém, a falta de recursos numa evidente produção de baixo orçamento, somada a um elenco pouco expressivo (exceto por Victor Kilian, que tenta fortalecer seu personagem como um cientista abnegado na busca de uma solução para a continuidade da sobrevivência de nossa espécie), tornam o filme apenas uma pequena e curta (74 minutos) diversão passageira com alguns momentos de sonolência. Faltaram mais elementos fantásticos no roteiro, aproveitando a oportunidade de uma missão de exploração para dentro de nosso planeta. Os perigos enfrentados pelo grupo e as novidades de “um mundo desconhecido” foram pouco inspiradores ao espectador. Lançado em DVD junto com “O Fantástico Homem Transparente” (1960). (RR – 12/11/09)

Comentários de Cinema - Parte 14 (18/05 a 12/07/14)

Filmes abordados:

Beijo do Diabo, O (Le Baiser Du Diable / La Perversa Caricia de Satán / Devil´s Kiss, França / Espanha, 1976)
Espelho, O (Oculus, EUA, 2013)
Exército das Trevas, O (Frankenstein´s Army, EUA / Holanda / República Tcheca, 2013)
Face do Mal, A (Haunt, EUA, 2013)
Godzilla (EUA / Japão, 2014)
Sádico Barão Von Klaus, O (Le Sadique Baron Von Klaus / La Mano de un Hombre Muerto / The Sadistic Baron Von Klaus, Espanha, 1962)
Saga Crepúsculo: Lua Nova, A (The Twilight Saga: New Moon, EUA, 2009)
Saga Crepúsculo: Eclipse, A (The Twilight Saga: Eclipse, EUA, 2010)
Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1, A (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 1, EUA, 2011)
Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2, A (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2, EUA, 2012)


* Beijo do Diabo, O (1976) – Filme europeu de horror, numa produção franco-espanhola de baixo orçamento, que faz parte da coleção “Clássicos do Terror”, lançada em DVD no Brasil pela “Vinny Filmes”. Uma aristocrata falida e praticante de ocultismo, Claire Grandier (Silvia Solar), juntamente com seu amigo cientista com poderes de telepatia, Prof. Gruber (Oliver Matthau), são convidados a realizarem suas experiências no porão de um imponente castelo francês de propriedade do Duque de Haussemont (José Nieto), que tem interesse na comunicação com os mortos. Porém, o objetivo da dupla de novos moradores do castelo é colocar em prática um sangrento plano de vingança contra os aristocratas locais que não ajudaram a evitar a falência de Claire, fato que motivou o suicídio de seu marido. Com a colaboração do cientista telepata, eles criam um zumbi assassino (Jack Rocha) a partir do cadáver de um indigente, que retornou a caminhar entre os vivos graças à união de experiências científicas com regeneração de células e a invocação de poderes ocultos de demônios. Em “O Beijo do Diabo” podemos encontrar todos os elementos típicos do horror gótico. A ambientação num castelo repleto de corredores escuros, com um laboratório no porão para as bizarras experiências de um cientista louco, num estilo similar ao Dr. Frankenstein. A presença de um anão como ajudante, as ações de uma criatura zumbi assassina comandada por telepatia, a realização de rituais de magia negra, mulheres nuas desfilando seus belos corpos, a investigação policial das misteriosas mortes, e as perseguições pelos imensos aposentos do castelo e na floresta ao redor. É bem datado, como percebemos nas roupas das mulheres de meados dos anos 70 do século passado, e nos aparelhos médicos do hospital onde são realizados exames numa vítima do monstro. Curiosamente, é solicitada a ajuda do demônio Astaroth num ritual diabólico, lembrando fato similar do filme do mesmo ano de 1976, “Uma Filha Para o Diabo” (To the Devil a Daughter), com Christopher Lee, e de onde retirei a ideia de nome para meu fanzine de horror “Astaroth”, criado em 1995 e em animação suspensa desde 2008. (RR – 12/07/14)

* Espelho, O (2013) – Dirigido e escrito por Mike Flanagan, baseado em seu próprio curta metragem de 2006, “O Espelho” (Oculus) estreou nos cinemas em 03/07, apresentando uma história sobre um espelho amaldiçoado, que influencia a personalidade de seus proprietários, incitando-os a cometerem atos de violência sangrenta e assassinatos. Um jovem casal de irmãos, formado por Kaylie Russell (Karen Gillan) e Tim (Brenton Thwaites), se une para tentar destruir um antigo espelho que no passado, quando ainda eram crianças, foi o responsável pela morte brutal de seus pais. Intercalando constantemente cenas do passado trágico dos protagonistas com as ações do tempo presente, e confundindo ilusão com realidade, o filme procura prender a atenção e manter o interesse pela história, mesmo a ideia central sendo um grande clichê com um espelho com poderes sobrenaturais. Longe de ser uma obra-prima do gênero, pelo menos garante alguma diversão em pouco mais de uma hora e meia, investindo também num final pessimista e com gancho para continuação. (RR – 07/07/14)

* Exército das Trevas, O (2013) – Ambientado na Alemanha do final da Segunda Guerra Mundial, o filme mostra um grupo de soldados russos em ação no campo ininigo à procura de companheiros em perigo, com um deles gravando seus movimentos numa câmera de vídeo. Após receberem um pedido de socorro, eles encontram uma fábrica estranha no meio da floresta e um laborátorio nazista localizado em seu subterrâneo, comandado por um cientista louco descendente de Frankenstein, envolvido num projeto secreto militar, com experiências sinistras na criação de um “exército das trevas” com seres mistos de restos de cadáveres e robôs. Situado dentro do sub-gênero “found footage”, o maior destaque certamente são os monstros formados por pedaços de soldados destroçados com elementos mecânicos e elétricos da robótica da época, apresentando como resultado final um visual impressionante com direito a bizarras criaturas com brocas e hélices cortantes no lugar da cabeça, e facas imensas no lugar das mãos. O laboratório parece uma imensa câmara de torturas, imunda e repleta de sangue e pedaços de corpos, validando a frase da tagline promocional que estampa a capa do DVD nacional, onde “a guerra é o inferno, mas existe um lugar ainda pior...”. (RR – 09/07/14)

* Face do Mal, A (2013) – Filme de horror situado no sub-gênero “casa assombrada por fantasma vingativo”, que entrou em cartaz nos cinemas em 12/06/14, com legendas em português, um fato raro pois a maioria dos filmes tem sido lançados dublados nas telonas. Uma típica família americana é formada pelo pai, mãe e três filhos, sendo um casal de adolescentes e uma menina pequena. Eles se mudam para uma grande casa afastada da cidade e rodeada por uma floresta, onde no passado foi palco de uma tragédia com mortes brutais. O garoto de 18 anos faz amizade com uma misteriosa e bela vizinha da mesma idade. Juntos, eles decidem investigar um aparelho de rádio encontrado no sótão da casa, capaz de captar os sons de fantasmas, despertando manifestações sobrenaturais e se envolvendo com segredos de um passado sangrento. O filme pode ser considerado apenas mediano, pois apesar da história bem amarrada que mantém a atenção e interesse até o desfecho não convencional, não consegue fugir dos tradicionais clichês do estilo, se perdendo na imensidão de filmes com temáticas parecidas. Mas, mesmo com uma passagem relâmpago pelos cinemas e praticamente ignorado pelas mídias, ainda assim vale uma conferida pelos apreciadores de filmes de fantasmas e casas assombradas. Curiosamente, o clássico de George Romero “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), é homenageado quando o protagonista está assistindo o filme pela televisão numa cena rápida. (RR – 14/06/14)

* Godzilla (2014) – Criado no Japão e lançado originalmente num filme de 1954, o cultuado rei dos monstros voltou aos cinemas, com a estreia no Brasil em 15/05/14 e com a opção de exibição em 3D. A humanidade não imaginaria que, dentre todos os graves problemas que assolam o planeta, desde guerras violentas a catástrofes naturais, teria que enfrentar a fúria de dois monstros gigantes que se alimentam de radioatividade e estão sedentos por destruição. Mas, para garantir o equilíbrio, surge das profundezas um monstro ainda maior e mais poderoso, Godzilla, para enfrentar os inimigos e reestabelecer a ordem, mesmo que inevitavelmente com as consequências de destruição de uma batalha de monstros colossais num território urbano. O filme é muito divertido, intenso, além de impressionante tecnicamente, sendo altamente recomendável, apesar de que Godzilla poderia e deveria aparecer mais em cena. E além do fato do roteiro esbarrar em momentos dramáticos que não agregam, envolvendo a família do soldado Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson), filho de cientistas, e que dividia o tempo entre reencontrar a esposa e o filho pequeno no meio do caos, e fazer o papel de herói com sua habilidade em desarmar bombas, durante o conflito contra os monstros.  (RR – 18/05/14)

* Sádico Barão Von Klaus, O (1962) – Lançado em DVD no Brasil pela coleção “Clássicos do Terror”, da “Vinny Filmes”, com fotografia em preto e branco e direção do cultuado Jesus Franco (1930 / 2013). No elenco, temos o ator suiço Howard Vernon (1908 / 1996), rosto conhecido em muitos dos filmes do cineasta espanhol. É um thriller policial com elementos de horror, apresentando a história de uma família amaldiçoada, cujos descendentes homens teriam herdado um instinto assassino de um antigo barão que morreu nos pântanos ao redor de seu castelo. Depois que mulheres de um vilarejo são encontradas mortas e com sinais de tortura, tem início uma investigação policial liderada pelo Inspetor Borowsky (Georges Rollin) com o auxílio do jornalista Karl Steiner (Fernando Delgado), indicando como principais suspeitos os descendentes do lendário barão assassino, o atual proprietário do castelo, Max von Klaus (Vernon), e o seu jovem sobrinho Ludwig (Hugo Blanco). O filme possui uma atmosfera sinistra nas ações de um serial killer, apesar da narrativa lenta e cansativa em alguns momentos da investigação. Mas, assim como “O Terrível Dr. Orloff”, também de 1962 e lançado na mesma coleção de DVDs, e alguns outros filmes similares da mesma época, “O Sádico Barão Von Klaus” faz parte de uma série de obras interessantes de Jesus Franco, bem diferentes das várias tranqueiras de qualidade questionável que ele fez posteriormente. (RR – 11/07/14)

* Saga Crepúsculo: Lua Nova, A (2009) – Segundo filme da popular franquia “Crepúsculo”, criada pela escritora Stephenie Meyer. A adolescente Bella Swan (Kristen Stewart), apaixonada pelo vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson), enfrenta uma depressão amorosa depois que o namorado decide se afastar dela para não colocar sua vida em risco. Ela então encontra no amigo Jacob Black (Taylor Lautner), o apoio para enfrentar a crise, formando um triângulo amoroso e descobrindo que o garoto também tem um segredo sobrenatural, transformando-se em lobisomem.. Drama de romance adolescente que fez muito sucesso e traz apenas como sutil pano de fundo elementos fantásticos com vampiros e lobisomens, sem agregar nada para esses sub-gêneros do cinema de Horror. Ao contrário, consegue contribuir para banalizar a fascinante mitologia dessas lendárias criaturas noturnas sempre presentes nos piores pesadelos, com uma história que as afasta de suas principais características de feras predadoras desprovidas de sentimentos. (RR – 20/06/14)

* Saga Crepúsculo: Eclipse, A (2010) – Terceiro dos cinco filmes da franquia “Crepúsculo”. Dessa vez, o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson), apaixonado pela humana Bella Swan (Kristen Stewart), precisa protegê-la da vampira Victoria (Bryce Dallas Howard), que quer matar a garota por vingança contra a morte de seu namorado, e cria um grupo de sugadores de sangue para caçar a jovem. Edward e sua família encontram numa improvável aliança com os lobisomens a solução para saírem vitoriosos no conflito. Enquanto a paixão do adolescente que se transforma em lobo, Jacob Black (Taylor Lautner), por Bella, aumenta significativamente o clima de tensão no triângulo amoroso. Mais do mesmo já visto nos filmes anteriores, com enfâse num drama de romance adolescente envolvendo uma humana desejada por um vampiro e um lobisomem. Agora, com um pouco mais (e ainda muito menos) de elementos de horror concentrados numa batalha campal entre vampiros recém criados e a aliança de vampiros e lobisomens unidos para defender a vida da protagonista. É curioso notar como as capas dos filmes dessa série não têm criatividade nenhuma, investindo unicamente no marketing de mostrar o trio de adolescentes apaixonados em destaque, com pequenas variações entre elas. E é pena constatar a cada filme dessa franquia a forma desrespeitosa como é tratada a mitologia sangrenta dos vampiros e lobisomens, reduzidos a criaturas patéticas. (RR – 22/06/14)

* Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1, A (2011) e Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2, A (2012) – Episódios finais da franquia “Crepúsculo”, divididos em dois filmes. O vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) casa-se com a humana Bella Swan (Kristen Stewart), que fica grávida de uma menina chamada Renesmee (Mackenzie Foy), provocando um conflito com o lobisomem Jacob Black (Taylor Lautner) e seus companheiros de matilha. Devido ao período conturbado de gestação da filha, Bella ficou muito enfraquecida e sua salvação foi tornar-se uma vampira. Porém, o nascimento da menina, resultado da união de um vampiro e uma humana, despertou a ira de um poderoso clã de vampiros, os Volturi, provocando uma batalha entre eles e a formação de uma nova aliança de vampiros e lobisomens. História arrastada, sem grandes atrativos, com muita enrolação e pouca ação. Até as cenas de confrontos não empolgam, caracterizadas pela ausência de sangue e violência, mas com excesso de CGI. Alguns dos vampiros são portadores de poderes especiais exagerados na fantasia, e no final não passam de criaturas banais. A saga toda pode até ser assistível como um drama de romance adolescente, mas como filmes que apresentam elementos de horror, são descartáveis e desnecessários. (RR – 25/06/14)

Comentários de Cinema - Parte 13 (24/03 a 27/04/14)

Filmes abordados:

Cabana do Inferno 2 (Cabin Fever 2: Spring Fever, EUA, 2009)
Capitão América 2: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier, EUA, 2014)
Deadgirl (EUA, 2008)
Demônios da Noite, Os (Tales From the Cripty: Demon Knight, EUA, 1995)
Divergente (Divergent, EUA, 2014)
Ghost Image (EUA, 2007)
Inatividade Paranormal 2 (A Haunted House 2, EUA, 2014)
Maldição da Sétima Lua, A (Seventh Moon, EUA, 2008)
Mercenários, Os (The Expendables, EUA, 2010)
Morte Negra (Black Death, Inglaterra / Alemanha, 2010)
Noé (Noah, EUA, 2014)
Silent Hill: Revelação (Silent Hill: Revelation, França / EUA / Canadá, 2012)




* Cabana do Inferno 2 (2009) – Sequência de um filme divertido de 2002 dirigido por Eli Roth (de “O Albergue”), sobre um vírus que se alimenta de carne e ataca um grupo de jovens numa cabana na floresta. Dessa vez, na parte 2, produzida em 2009 e dirigida por Ti West, o vírus entra em contato com a água engarrafada comercialmente numa pequena cidade americana e que é consumida numa festa de formatura de jovens acéfalos. A contaminação se espalha rapidamente e a escola é isolada pelo exército para tentar conter a epidemia. Existem continuações que honram os filmes originais, mas nesse caso aqui temos a típica sequência que não deveria ter sido filmada, de tão ruim e descartável. Até tem sangue e carne podre em doses elevadas, mas a história é totalmente desinteressante e banal, e os personagens são tão patéticos que torcemos para que sejam eliminados rapidamente. E curiosamente ainda foi lançada outra continuação em 2014, com o título de “Cabin Fever: Patient Zero”. (RR – 24/03/14)

* Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) – Sequência de “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011), entrando em cartaz nos cinemas em 10/04/14 com a opção de exibição em 3D. Dessa vez, o típico herói americano criado pelos quadrinhos da “Marvel” (Chris Evans), se une à belíssima e perigosa “Viúva Negra” Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) e ao amigo soldado “Falcão” Sam Wilson (Anthony Mackie), para defender os interesses da S.H.I.E.L.D., organização internacional de espionagem e defesa da lei, dirigida por Nick Fury (Samuel L. Jackson). O vilão e inimigo dessa vez é o Soldado Invernal (Sebastian Stan), um agente soviético altamente treinado na arte de matar. São cerca de duas horas e vinte minutos de diversão pura, com tudo que se espera de clichês num filme de ação e espionagem com elementos de fantasia e ficcção científica: pancadarias, tiroteios, perseguições, explosões, combates, algumas frases carregadas de humor sarcástico, traição para todos os lados, interesses econômicos, tirania, luta por liberdade, efeitos especiais mirabolantes, máquinas voadoras impressionantes, etc. Vale a pena ficar atento para uma importante cena pós-créditos que mantém o vínculo dentro de um complexo universo ficcional com vários filmes interligados. (nesse caso, a referência é para “Os Vingadores 2 – A Era de Ultron”). (RR – 14/04/14)

* Deadgirl (2008) – Dois estudantes adolescentes fúteis, Rickie (Shiloh Fernandez) e JT (Noah Segan), decidem não assistir a aula e saem da escola à procura de diversão. O destino é um hospital psiquiátrico abandonado, e lá eles encontram uma mulher misteriosa (Jenny Spain) amarrada numa cama e isolada num quarto, descobrindo mais tarde que ela está morta e é um zumbi. A partir daí, eles a transformam numa escrava sexual e não conseguem guardar segredo, com a notícia chegando para outros colegas da escola. É mais um filme situado dentro da temática largamente explorada sobre mortos-vivos, com uma diferença interessante ao abordar em sua história uma alteração no foco indicando que na verdade os monstros verdadeiros são os adolescentes acéfalos, ao manterem aprisionada a garota morta e fazerem dela uma escrava sexual. Fora isso, não tem muito a acrescentar para o gênero, com os conhecidos clichês e furos de roteiro, como por exemplo a falta de uma investigação policial. (RR – 25/03/14)

* Demônios da Noite, Os (1995) – Filme inspirado pela série de TV “Contos da Cripta”, que teve sete temporadas entre 1989 e 1996, com episódios de meia hora de duração, que por sua vez é baseada nas cultuadas revistas americanas de histórias em quadrinhos de horror dos anos 40 e 50 do século passado, produzidas pela “EC Comics”, de William Gaines. Foi seguido ainda por mais dois filmes, “O Bordel de Sangue” (1996) e “Ritual” (2002). A história é apresentada por uma caveira, “Crypt Keeper” (engraçadíssima voz de John Kassir) e mostra um homem, Brayker (William Sadler), em desespero ao ser perseguido por um demônio disfarçado de humano conhecido como “The Collector” (Billy Zane). Ele está interessado num objeto antigo, uma espécie de chave mística que carrega o sangue de Cristo, o qual nas mãos do demônio permitiria que ele liberasse as forças do mal no Universo. Brayker é encurralado num hotel de uma pequena cidade do interior, junto com um grupo de outros hóspedes, policiais e moradores, que precisam lutar por suas vidas ao serem atacados por criaturas do inferno. Com direção de Ernest Dickerson e carregado de elementos de humor, o filme é uma grande homenagem aos antigos quadrinhos de horror, com aquelas histórias exageradas em fantasia e bobagens sem compromissos com lógica, apenas diversão pura. Tem vários momentos de violência, sem o uso dos artificiais efeitos de computação gráfica, apostando mais em maquiagem, sangue falso e bonecos animatrônicos. (RR – 24/04/14)

* Divergente (2014) – Filme de aventura e ação com elementos de ficção científica, baseado em livro de Veronica Roth, que estreou nos cinemas brasileiros em 17/04/14, apresentando uma distopia futurística ambientada na cidade americana de Chicago após uma guerra que causou grande destruição. Foi então construída uma cerca imensa ao redor da cidade e os habitantes foram distribuídos em cinco facções baseadas em virtudes: erudição, audácia, abnegação, amizade e sinceridade. A história gira em torno da jovem Tris (Shailene Woodley), nascida no grupo Abnegação e que após um teste obrigatório numa máquina mental que orienta a escolha de sua facção, ela descobre ser uma divergente, ou seja, com habilidades especiais e tendências para várias facções simultaneamente. Sua escolha é para o grupo de audaciosos, recebendo forte treinamento para lutas e conflitos armados, e depois de descobrir que os divergentes não são bem vindos para os planos de conspiração e poder dos líderes da sociedade, ela passa a lutar por sua vida, com a ajuda do misterioso Quatro (Theo James), seu instrutor na facção Audácia. Longo, com duas horas e vinte minutos, o filme prende a atenção o tempo todo misturando cenas dramáticas onde a bela jovem protagonista Tris tem que lidar com sua escolha se afastando da família (“facção antes do sangue”), com momentos tensos de ação com conflitos, tiroteios e perseguições. Se a raça humana não se destruir com uma guerra fatal, sua natureza repleta de fraquezas se encarregará do extermínio, com a imensa dificuldade de viver numa sociedade pacífica, eternamente ameaçada pelo desejo de poder e tirania. (RR - 18/04/14)

* Ghost Image (2007) – Típico thriller da popular sessão “Super Cine” das noites de Sábado da TV Globo, apenas mediano e facilmente esquecível. A vida de um jovem casal formado por Wade (Waylon Payne) e Jennifer Zellan (Elisabeth Röhm), é repentinamente abalada e interrompida após a morte do rapaz num acidente de carro. Após investigação policial e a revelação de que o acidente foi provocado intencionalmente, a ideia de assassinato causa tormento e instabilidade para a moça, principalmente depois dela também ser alvo de perseguição por alguém misterioso, interessado em seu desparecimento. Para tentar auxiliar em sua defesa, o fantasma do namorado morto passa a se comunicar através da edição de um vídeo gravado momentos antes do acidente. Com uma história sem grandes atrativos e suspense apenas mediano, trata-se somente de mais um filme pedido numa infinidade de produções similares que são lançadas para todos os lados e o tempo todo. Não passa de mais uma simples diversão passageira, sendo rapidamente destinada ao limbo. (RR - 19/04/14)

* Inatividade Paranormal 2 (2014) – Comédia satirizando filmes de horror, dando sequência para uma produção de 2013, novamente dirigida por Michael Tiddes e estreando em nossos cinemas em 24/04/14. Dessa vez, Malcolm (Marlon Wayans), após exorcizar sua esposa Kisha (Essence Atkins) no filme anterior, inicia um novo relacionamento com Megan (Jaime Pressly), que já tem dois filhos adolescentes. Porém, novamente eles são atormentados por eventos bizarros e paranormais. O foco agora é satirizar principalmente os filmes "Invocação do Mal", "Sobrenatural: Capítulo 2" e "Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal", mas a história é completamente sem graça, sendo quase impossível rir de alguma coisa. Aliás, é tanta gritaria e tentativas mal sucedidas de piadas, que o resultado dá sono ao espectador, que infelizmente perdeu dinheiro no cinema. Consegue ser pior ainda que o primeiro filme, e não vale nem o preço de um DVD genérico. O maior mistério de tudo é tentar encontrar uma razão para uma produção dessas ainda conseguir distribuição comercial nas telonas. (RR - 27/04/14)

* Maldição da Sétima Lua, A (2008) – “Na lua cheia do sétimo mês lunar, os portões do inferno se abrem e os espíritos dos mortos ficam livres para circular entre os vivos.” – Mito chinês. Com essa introdução e premissa básica, tem início esse filme lançado em DVD no Brasil, escrito e dirigido pelo cubano Eduardo Sánchez, de “A Bruxa de Blair” (1999) e “Aterrorizados” (2006). Dois turistas recém casados, a americana Melissa (Amy Smart) e o chinês Yul (Tim Chiou), estão passeando pela China e são deixados misteriosamente por seu guia, num vilarejo afastado no meio do mato. A partir daí, tem início uma interminável noite de horror para eles, lutando freneticamente por suas vidas contra o ataque de sombrias criaturas fantasmagóricas. O filme proporciona alguma diversão rápida, com bons momentos de perseguições noturnas tensas e um clima de mistério envolvendo uma antiga lenda chinesa, mas sem fugir muito dos clichês e situações previsíveis de costume. (RR – 29/03/14)

* Mercenários, Os (2010) – Filme de ação dirigido por Sylvester Stallone, que teve a ideia de reunir os mais destacados atores dentro desse popular sub-gênero do cinema de entretenimento, como Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger (numa divertida ponta não creditada), além de Eric Robers, Mickey Rourke e outros. Foi criada uma franquia e nos filmes seguintes foram convidados Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, Mel Gibson, Harrison Ford, Antonio Banderas e Wesley Snipes, num time de super astros das pancadarias e tiroteios. Com esse grupo dá para imaginar as imensas perseguições e correrias desenfreadas com muita ação, barulho e explosões. Nesse filme de origem da série, um grupo de mercenários liderado por Barney Ross (Stallone), é contratado para intervir nas ações de um ditador numa ilha fictícia da América Central, tomada por tirania e controlada também por um empresário inescrupuloso americano (Erik Roberts), renegado ex-agente da CIA que tem interesses econômicos com a produção de cocaína na região. Diversão totalmente sem compromisso, numa história de puro clichê com todos os elementos que são esperados num filme de ação, além dos tradicionais diálogos recheados de piadas no meio das confusões. É só desligar o cérebro e entrar no clima da barulheira. Em 2012 tivemos a parte 2, dirigida por Simon West e com Chuck Norris (em poucos momentos, mas impagáveis, numa grande homenagem de Stallone para esse veterano ator já aposentado das telas) ajudando o líder Barney em situações bem oportunas. Além do belga Jean-Claude Van Damme, que interpreta o líder dos vilões. E em 2014 veio a parte 3, com direção de Patrick Hughes e as novas presenças divertidas de Harrison Ford, como um velho agente do governo e ainda bem ativo em combate, além de Antonio Banderas e Wesley Snipes, que passam a integrar a equipe de mercenários de Barney, e Mel Gibson como o vilão a ser combatido. (RR – 07/04/14 e 23/02/15)

* Morte Negra (2010) – Lançado no mercado brasileiro de DVD, é um filme interessante ambientado na Inglaterra medieval do século XIV, durante a epidemia de peste bubônica que devastava parte significativa da humanidade. Um grupo de guerreiros cristãos, liderado por Ulrich (Sean Bean, o Boromir de “O Senhor dos Anéis”), tinha a missão religiosa de encontrar um pequeno vilarejo, onde rumores indicavam que a “morte negra” ainda não havia chegado e que os aldeões eram liderados por um necromante, que negava Deus e tinha o suposto poder de reviver os mortos. Para guiá-los em seu destino, foi recrutado um jovem monge, Osmund (Eddie Redmayne), que queria sair do mosteiro para tentar encontrar a namorada que fugia para algum lugar mais seguro e distante da doença que criava pilhas de cadáveres. O ser humano, em toda a sua história, sempre procurou motivos para a guerra, que nesse caso foram questões religiosas, com conflitos entre os cristãos fanáticos, confusos com a doença que os dizimava cruelmente, e os pagãos, que negavam os símbolos do cristianismo e tentavam viver livres de qualquer tipo de opressão. Todos utilizando a violência selvagem para defender suas crenças. E, como sempre, todos perdem, tendo apenas a morte como vitoriosa, soberana e imponente. (RR – 29/03/14)

* Noé (2014) – Estreou nos cinemas em 03/04/14, com opção de exibição em 3D, com direção de Darren Aronofsky (de “Cisne Negro”) e estrelado por um elenco experiente liderado por Russell Crowe, de inúmeros outros filmes memoráveis como “Gladiador” (2000), e que está muito bem no papel principal ao lado de Jennifer Connelly e do veterano Anthony Hopkins. A história é baseada no largamente explorado tema bíblico sobre a “Arca de Noé”, uma embarcação gigante de madeira construída por Noé (Crowe), cuja missão seria carregar animais e sua família, salvando-os de um dilúvio colossal causado pela ira do Criador, aniquilando a vida no planeta. A humanidade decadente, mergulhada em violência e maldade, seria destruída para um novo recomeço. Deixando de lado as questões religiosas e analisando exclusivamente pelo lado do cinema de entretenimento, podemos dizer que as quase duas horas e meia de filme podem até divertir, principalmente pelos grandiosos efeitos especiais. Mas, houve uma excessiva liberdade de criação artística tipicamente “hollywoodiana”, que soou meio estranho e deslocado, com o acréscimo de alguns significativos elementos de fantasia, como as criaturas gigantes formadas por pedras e conhecidas como “guardiões”. Foi a forma encontrada pelos roteiristas para explicar como foi construído o imenso barco e como Noé e sua família foram protegidos da fúria das outras pessoas curiosas com sua misteriosa tarefa e ávidos por também se salvarem no início da tragédia com a inundação global. (RR – 06/04/14)

* Silent Hill: Revelação (2012) – Inspirado num videogame, sequência de “Terror em Silent Hill” (2006), e lançado em 3D nos cinemas brasileiros em 11/10/13 com roteiro e direção de Michael J. Bassett. A jovem Heather Mason (Adelaide Clemens) sofre constantemente com pesadelos sombrios ambientados numa cidade amaldiçoada. Depois que seu pai Harry (Sean Bean) desaparece misteriosamente, ela mergulha numa realidade alternativa para tentar encontrá-lo, enfrentando criaturas grotescas e um grupo secreto de pessoas que estão em seu encalço. Independente de análises sobre a fidelidade com a fonte inspiradora (um videogame) ou comparações com o filme original, e focando “Silent Hill: Revelação” apenas como mais um filme de horror, o resultado final é mediano e sem maiores interesses. Graças à história exagerada em fantasia e por vezes confusa, que dispersa a atenção. Apesar da presença de bons atores em partricipações rápidas como o veterano Malcolm McDowell e os experientes Sean Bean e Carrie-Anne Moss, o filme não consegue destaque e se mistura com uma infinidade de produções similares fadadas ao limbo. (RR – 31/03/14)

Comentários de Cinema - Parte 12 (10/02 a 23/03/14)

Filmes abordados:

300: A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire, EUA, 2014)
Alemão (Brasil, 2014)
Eaters – Rise of the Dead (Itália, 2011)
O Grande Herói (Lone Survivor, EUA, 2013)
Hércules (The Legend of Hercules, EUA, 2014)
Pompeia (Pompeii, EUA / Alemanha / Canadá, 2014)
Quarentena 2 (Quarantine 2: Terminal, EUA, 2011)
RoboCop (RoboCop, EUA, 2014)
Sem Escalas (Non-Stop, Inglaterra / França / EUA, 2014)



* 300: A Ascensão do Império (2014) – Continuação de “300” (2006), que entrou em cartaz nos cinemas em 07/03/14 com a opcionalidade de exibição em 3D. Baseado em uma graphic novel de Frank Miller, a história mostra eventos anteriores e posteriores ao filme de 2006, onde 300 soldados de Sparta, sob o comando do Rei Leonidas, foram massacrados num confronto com um exército maior de persas. Agora, o foco está no general grego Themistocles (Sullivan Stapleton), que lidera uma ofensiva contra as tropas persas do semideus Xerxes (Rodrigo Santoro, em ótima performance), numa batalha naval sangrenta contra a marinha comandada pela tirana Artemisia (Eva Green). Épico extremamente movimentado de ação com elementos de fantasia, com cenas intensas de batalhas nos mares e uma overdose de sangue em CGI manchando a água de vermelho e lâminas afiadas de espadas rasgando a carne dos soldados gregos e persas. Bem divertido e violento, com confrontos de guerra de tirar o fôlego, mesmo com a artificialidade do excesso de computação gráfica. Por outro lado, não consegue fugir dos clichês já bem cansativos com aqueles discursos inflamados dos líderes para incentivar os soldados a lutar pela honra e liberdade, dando a vida por seu país e todas aquelas baboseiras já conhecidas. E confesso que não pude impedir uma vontade de torcer pela tirania dos persas. Mas, fico satisfeito com a boa impressão e sucesso que o nosso representante Rodrigo Santoro tem conquistado no mercado milionário do cinema americano. (RR – 15/03/14)

* Alemão (2014) – Thriller policial nacional dirigido por José Eduardo Belmonte, que entrou em cartaz nos cinemas em 13/03/14, inaugurando a mudança de estreias semanais que ocorriam tradicionalmente nas sextas-feira para as quintas-feiras. É uma história de ficção situada dentro de um evento ocorrido na vida real, a invasão do complexo de favelas no morro do Alemão, no Rio de Janeiro/RJ em Novembro de 2010, que era dominado por criminosos do tráfico de drogas, e passou para o controle da polícia. Pouco antes do início da invasão, um grupo de cinco policiais infiltrados na comunidade teve suas identidades descobertas pelos bandidos e ficou acuado no porão de uma pizzaria, local do ponto de encontro da missão. Sem poder sair e esperando por um inevitável confronto em desvantagem com os traficantes ávidos por vingança, eles lutam por suas vidas e tentam administrar problemas de relacionamento entre eles, com constantes acusações de traição e falta de confiança. O filme tem os previstos tiroteios e momentos tensos dentro de um ambiente hostil e tomado pela criminalidade, medo e violência, mas em pequena dose, pois seu foco está mais voltado para a exploração do drama enfrentado pelos policiais infiltrados, num clima de tensão psicológica constante e claustrofobia do confinamento num pequeno lugar. Tem seus furos de roteiro, mas em compensação apresenta um final pessimista, ousado e não comercial. No elenco, entre outros, temos desde o veterano Antônio Fagundes, no papel do Delegado Valadares, que aparece pouco, passando pelo jovem Caio Blat, como um dos policiais infiltrados na comunidade dos bandidos, e Cauã Reymond como “Playboy”, o chefe dos traficantes. (RR – 18/03/14)

* Eaters – Rise of the Dead (2011) – Filme italiano de zumbis, que só serve para aumentar as estatísticas de produções sobre o gênero, não acrescentando nada para esse já saturado estilo do cinema de horror, e servindo apenas para despertar saudades dos tempos dos zumbis do cultuado cineasta Lucio Fulci. Um vírus instaurou o apocalipse na Terra, devastando a humanidade com uma contaminação que transformou as pessoas em zumbis, e eliminou quase todas as mulheres. No meio do caos, temos uma dupla de caçadores de mortos-vivos para oferecer cobaias às experiências de um cientista louco que estuda o vírus, além de outras bobagens como um grupo de neo-nazistas e o aparecimento misterioso de uma adolescente. Curiosamente, os produtores optaram por colocar o nome do cineasta alemão Uwe Boll (de tranqueiras dispensáveis como “House of the Dead”, “Alone in the Dark” e “Seed”), como uma “personalidade” que apresenta o filme, como se isso pudesse ajudar no marketing, e onde na verdade só passa mais desconfiança para quem vai assistir, esperando uma porcaria colossal. E é exatamente isso que vemos, é apenas mais um filme de zumbis com a mesma história de sempre e cheio de absurdos que não vale a pena permanecer em nossa memória por mais de alguns poucos minutos. Eu mesmo já me esqueci da história depois de escrever esse pequeno texto. (RR – 16/02/14)

* Grande Herói, O (2013) – No dia 20/03/14 chegou aos nossos cinemas esse drama de guerra estrelado por Mark Wahlberg, com história baseada num evento real ocorrido em 2005 envolvendo uma missão americana no Afeganistão. Um grupo de quatro soldados é formado por Marcus Luttrell (Wahlberg), Michael Murphy (Taylor Kitsch), Danny Dietz (Emile Hirsch) e Matt Axelson (Ben Foster). Eles estão incubidos de tentar encontrar e eliminar um perigoso líder terrorista afegão, mas ao encontrarem um velho pastor de ovelhas nas montanhas, com seus dois filhos, sua presença é delatada e eles são obrigados a abortar a missão, passando a lutar por suas vidas num confronto sangrento com os inimigos. Abordando um conflito armado recente envolvendo a presença dos Estados Unidos no Afeganistão, o filme tem um título nacional ruim (como quase sempre), sendo que seria mais fácil e ideal adotar uma tradução literal (algo como “Sobrevivente Solitário”). É um drama de guerra bem construído em duas horas de projeção que prendem a atenção. Apesar de alguns exageros típicos do cinema e não conseguir escapar de clichês, como aquelas tradicionais frases feitas dos soldados antes da morte iminente (do tipo “diga para minha mulher que eu a amo”), o filme parece retratar com fidelidade o ambiente de guerra, desde a rotina das bases militares, passando pelo planejamento estratégico das missões, até o conflito no campo de batalha. (RR – 23/03/14)

* Hércules (2014) – Lançado nos cinemas em 07/02, com a opção de exibição em 3D, “Hércules” faz parte da onda de filmes épicos com elementos de fantasia que estão sendo lançados nas telonas em 2014, junto com “Pompeia”, “Noé” e “300: A Ascenção do Império”, além de outro filme sobre o mesmo herói mitológico grego “Hércules”, só que com o ator Dwayne Johnson. Na história, Hércules (Kellan Lutz) é um semideus, filho de Zeus, que é traído por seu padastro, o tirano Rei Anphitryon (Scott Adkins) e pelo irmão mais velho Iphicles (Liam Garrigan), e enviado para uma batalha onde morreria numa emboscada, por causa de seu amor proibido pela princesa Hebe (Gaia Weiss). Mas ele sobrevive e retorna para liderar uma revolta contra a tirania do rei, utilizando uma força descomunal recebida por seu pai Zeus. Bobagem colossal onde o pano de fundo é uma trivial história de amor entre Hércules e Hebe, ficando todo o resto em um plano secundário. Tem algumas cenas de lutas individuais e confrontos de batalhas, mas sem sangue e violência, e talvez as únicas poucas coisas que se salvam são imagens em CGI das imponentes cidades daquela época vistas pelo alto e da imensa arena de lutas. Fora isso, é totalmente dispensável. (RR – 23/02/14)

* Pompeia (2014) – Dirigido pelo inglês Paul W. S. Anderson, o mesmo cineasta de duas divertidas produções de Ficção Científica da década de 90 do século passado, “O Enigma do Horizonte” (97) e “O Soldado do Futuro” (98), “Pompeia” estreou nas telonas em 21/02/14, com a opção de exibição em 3D. Na história, ambientada no ano 79 D.C., um escravo celta, Milo (Kit Harington), é obrigado a tornar-se um gladiador, e é enviado até a cidade italiana de Pompeia para participar de um torneio com lutas mortais. Lá, ele se apaixona pela bela filha de um rico mercador local, Cassia (Emily Browning), e faz amizade com um gladiador negro, Atticus (Adewale Akinnuoye-Agbaje), conhecido por suas vitórias na arena. Porém, os problemas do jovem lutador aumentam com a chegada de um corrupto e tirano senador romano, Corvus (Kiefer Sutherland), que está interessado em casar-se com Cassia, em meio à revolta da natureza com a erupção de um imponente vulcão ao lado da cidade, destruindo tudo ao redor. O roteiro é baseado em clichês exaustivos dos filmes sobre catástrofes naturais, priorizando aqui um romance extremamente improvável entre um escravo gladiador e uma moça rica. Em meio à luta por liberdade contra a tirania de Roma, responsável pelo assassinato da família de Milo, e a tentativa de fuga da morte certa pela explosão de fúria do vulcão Vesuvio, que aniquilou Pompeia transformando seus habitantes em pedra. Existem boas cenas de lutas sangrentas, evidenciando a selvageria da humanidade em patrocinar esportes com a morte violenta dos derrotados, e principalmente não faltam momentos tensos com a destruição de Pompeia pela ação de terremotos, chuva de imensas pedras incendiárias e um tsunami avassalador, garantindo a diversão. (RR – 24/02/14)

* Quarentena 2 (2011) – Sequência de um filme de 2008, que por sua vez é uma refilmagem americana do cultuado espanhol “Rec” (2007), que inspirou uma franquia com outras três continuações. Na história dessa parte 2, logo depois que um prédio de apartamentos é isolado pela polícia em Los Angeles, e colocado em quarentena para tentar impedir que uma misteriosa contaminação se espalhasse de forma desenfreada, um avião parte da mesma cidade. Um dos passageiros, o Prof. Henry (Josh Cooke), está levando ratos de laboratório infectados com um poderoso vírus criado como arma terrorista. Após o início do contágio e a inevitável confusão a bordo, o piloto da aeronave é obrigado a fazer um pouso de emergência e estaciona num terminal de cargas abandonado. Tanto a tripulação quanto os passageiros são aos poucos infectados tornando-se extremamente raivosos e violentos, obrigando as autoridades a isolar o terminal e instaurar nova quarentena. É mais um filme explorando a manjada fórmula de contaminação que transforma suas vítimas em algo como zumbis raivosos, que espalham a doença através de mordidas. Tem todos os clichês do gênero, ao apresentar novamente um grupo de pessoas, liderado pela aeromoça Jenny (Mercedes Masöhn), lutando por suas vidas, sitiado num local fechado e atacado pelos infectados. Mas, acertou no rumo da história ao revelar a origem da criação do vírus com experiências em bioterrorismo, na ideia de uma “limpeza” no planeta, em vez da menos interessante opção da franquia espanhola em associar a contaminação com questões religiosas e possessão demoníaca. (RR – 10/02/14)

* RoboCop (2014) – Refilmagem de “Robocop, o Policial do Futuro” (1987), do cineasta holandês Paul Verhoeven e com Peter Weller, que deu origem a outras duas continuações em 1990 e 1993. Com estreia nos cinemas em 21/02/14 e direção do brasileiro José Padilha (de “Tropa de Elite” 1 e 2), o novo “RoboCop” traz o ator Joel Kinnaman no papel do policial Alex Murphy, casado com a bela Clara (Abbie Cornish) e pai do garoto David (John Paul Ruttan). Com história ambientada em 2028, ele e seu parceiro Jack Lewis (Michael K. Williams) estão investigando as ações de um criminoso poderoso, e como retaliação o policial Murphy sofre um atentado com a explosão de seu carro, que o deixa quase morto. Para salvar a sua vida, ele é escolhido para se transformar num misto de homem e robô, e tornar-se um “policial do futuro”, extremamente eficiente no combate ao crime, sob a supervisão científica do Dr. Dennett Norton (Gary Oldman), cujo trabalho é financiado pelo empresário Raymond Sellars (Michael Keaton), proprietário da mega corporação “OmniCorp”, líder em robótica. Sem fazer comparações com o original, o novo “RoboCop” é até bem divertido, carregado de cenas tensas de ação e tiroteios (apesar do uso exagerado e artificial da computação gráfica). E o filme tem também uma significativa dose de pertinentes críticas sociais, abordando diversos temas presentes em nossos conturbados tempos modernos. O trabalho escravo na China, a manipulação da mídia sensacionalista com programas tendenciosos (e aqui o grande ator Samuel L. Jackson interpreta um popular apresentador de TV), além da corrupção policial, o marketing político das grandes empresas, o uso irresponsável da ciência (com o “cientista louco” perdido com as consequências de sua criação), e o conhecido imperialismo americano ao redor do mundo, com a sempre constante intervenção militar em países envolvidos em conflitos. (RR – 03/03/14)

* Sem Escalas (2014) – Thriller dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (de “Casa de Cera” e “A Órfã”), que entrou em cartaz em nossos cinemas no dia 28/02/14, com uma dupla de atores renomados liderando o elenco, os experientes Liam Neeson e Julianne Moore. O ex-policial e agora agente de segurança aéreo Bill Marks (Neeson) enfrenta problemas pessoais com o álcool e ao trabalhar num vôo longo entre Londres e Nova Iorque, não imaginaria que alguém queria envolvê-lo num plano criminoso e audacioso, colocando em risco a vida dos passageiros e tripulantes. O filme tem um eficiente e constante clima de suspense num avião que prende a atenção do espectador, com reviravoltas, além da ótima atuação de Liam Neeson como o protagonista, apoiado pela não menos talentosa Julianne Moore, que faz o papel de Jen Summers, uma passageira que ajuda o agente em suas investigações durante o vôo. Porém, a solução encontrada pelos roteiristas para desvendar o mistério é bem simples e decepcionante, encontrando justificativas óbvias para as ações criminiosas, baseadas na sempre presente tensão gerada após os supostos atentados terroristas de 11/09/2001 nos Estados Unidos. Além do desfecho previsível, onde já sabemos como irá terminar a história e o destino dos vilões e heróis. Ou seja, diverte bastante enquanto se desenvolve a investigação, e depois não foge dos clichês tradicionais para solucionar a trama. (RR – 05/03/14)