O Exército do Extermínio (The Crazies, 1973)



Um avião cai próximo a Evan´s City, uma pequena cidade no Estado americano da Pennsylvania. Porém, ele estava transportando uma carga perigosa, um tipo de arma bacteriológica, num projeto secreto chamado “Trixie”. O vírus contagioso de uma vacina experimental criada em laboratório atinge a reserva de água local e chega até os habitantes da cidade, que foram contaminados e passaram a demonstrar sinais de loucura, com comportamentos violentos. O exército logo interfere, invadindo a cidade para tentar conter a epidemia, instaurando um estado de quarentena, sob o comando do Major Ryder (Harry Spillman) e do Coronel Peckem (Lloyd Hollar), que recebem o auxílio do cientista Dr. Watts (Richard France), que estuda o vírus para descobrir um antídoto, a possibilidade de alguém imune à doença e uma forma de controlar o contágio. No meio da imensa confusão e caos que se abateu sobre a cidade dominada pelo exército, um grupo de habitantes tenta entender a situação e escapar, formado pelos bombeiros Clank (Harold Wayne Jones) e David (W. G. McMillan), a namorada grávida de David, a enfermeira Judy (Lane Carroll), além de um pai de família, Artie (Richard Liberty), e sua filha Kathy (Lynn Lowry).

O Exército do Extermínio” (The Crazies) é uma produção de 1973 com direção do especialista George Romero, o pai dos zumbis no cinema, que lançou cinco anos antes o clássico “A Noite dos Mortos-Vivos” (Night of the Living Dead). O tema pode ser considerado hoje como algo comum e largamente explorado, mas para o início dos anos 70 do século passado, a ideia despertava bastante interesse, ao mostrar uma cidade sitiada pelo exército para tentar conter uma epidemia catastrófica, transformando as pessoas em assassinas enlouquecidas, por causa dos efeitos descontroláveis de um vírus experimental de guerra. Os militares tratam o assunto como um problema que deve ser solucionado de forma lógica, ou seja, utilizando de violência e extermínio se necessário, para evitar conseqüências piores, como uma disseminação em larga escala para outras cidades. Por isso, não faltam tiroteios, desespero, loucura, assassinatos frios, mortes violentas, de ambos os lados, tanto dos soldados do exército invasor, como dos habitantes que tentam resistir e fugir do caos. É um dos filmes da carreira de Romero que é sempre lembrado por seus fãs, e também como uma referência da temática de epidemia e forma violenta de tentar mantê-la sob controle.
O filme foi lançado em DVD por aqui pela “Cult Classic” em 2010 com o nome “Exército de Extermínio”. E curiosamente, aumentando as estatísticas de refilmagens (e confirmando a falta de criatividade dos roteiristas), o filme também ganhou a sua versão mais atualizada, lançada em 20/08/10 nos cinemas brasileiros como “A Epidemia”, com direção de Breck Eisner..

O Exército do Extermínio” (The Crazies, Estados Unidos, 1973) # 491 – data: 27/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 28/03/08)

O Sótão (The Attic, 2008)


O Sótão” (The Attic, 2008) é um daqueles filmes apenas comuns que são produzidos em grande escala nos Estados Unidos. Para nós, brasileiros, podemos usar como referência para defini-lo, a associação com a tradicional sessão “Supercine”, dos sábados noturnos da TV Globo, onde são exibidos frequentemente aqueles filmes de suspense mornos e sem atrativos significativos.
As únicas curiosidades que se podem notar é a direção de Mary Lambert, mais conhecida por “O Cemitério Maldito” (Pet Sematary, 1989), inspirado em livro de Stephen King, e também pela continuação lançada três anos depois, além da presença do veterano ator John Savage, um rosto conhecido por uma infinidade de filmes menores (seu currículo conta com quase 150 filmes).

Uma jovem, Emma Callan (Elisabeth Moss) muda-se com sua família para um casarão que tem um sótão misterioso. Sentindo-se incomodada pela presença de alguém que alega ser sua irmã gêmea desaparecida, ela entra num processo de depressão e não sai de casa de forma alguma, apesar das tentativas dos pais Graham (John Savage) e Kim (Catherine Mary Stewart), e do irmão meio retardado Frankie (Tom Malloy, que além de ator, escreveu a história do filme e foi um dos produtores). Emma recebe o auxílio do psiquiatra Dr. Perry (Thomas Jay Ryan) em várias sessões de análise sem resultados, e tem um amigo, John Trevor (Jason Lewis), um paramédico que também faz pequenos trabalhos de detetive, e que tenta ajuda-la na investigação de seu passado obscuro e da irmã. Juntos, eles tentam descobrir o mistério do sótão e das sinistras aparições.

Fraco e sem graça, o filme é sonolento e óbvio demais, misturando elementos de uma fórmula desgastada ao extremo, com uma história de alucinações, passado misterioso e loucura. Tudo é muito previsível e o final é o mesmo de centenas de outros filmes similares. É curioso observar como existem profissionais do cinema que ainda insistem com filmes tão insignificantes, ainda mais uma diretora que ficou relativamente conhecida pelo interessante “O Cemitério Maldito”.

“O Sótão” (The Attic, Estados Unidos, 2008) # 490 – data: 19/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 20/03/08)

O Olho do Mal (The Eye, 2008)


Depois que os americanos descobriram que na Ásia (Japão, China / Hong Kong, Tailândia e Coréia do Sul) existe uma produção de qualidade de filmes de horror, muitos deles explorando com maestria o tema de fantasmas perturbados, eles iniciaram uma moda de refilmagens desses filmes de sucesso orientais. “O Chamado”, “O Grito” e “Shutter” são apenas alguns exemplos. Agora, chegou a vez do chinês “The Eye – A Herança” (Gin Gwai / The Eye, 2002) ganhar a sua versão americana, “O Olho do Mal” (The Eye, 2008), dirigido pelos franceses David Moreau e Xavier Palud, criadores do excelente “Eles” (Ils / Them, 2006). Com estréia nos cinemas brasileiros em 14/03/08, o filme é estrelado pela estonteante Jessica Alba.

Uma violinista talentosa, Sydney Wells (Jessica Alba), perdeu a visão num acidente de infância. Depois de muitos anos cega, ela se submete a um transplante de córneas e volta a enxergar, com a visão retornando gradativamente num processo lento. Porém, além de ter que aprender a identificar novamente cores e formas ao seu redor, ela também precisa compreender a ocorrência de estranhas imagens de vultos e fantasmas relacionados às mortes que ela tem presenciado ou previsto. Sydney recebe a ajuda do Dr. Paul Faulkner (Alessandro Nivola), um terapeuta especialista na adaptação de cegos que retornam a enxergar depois de muito tempo, e juntos eles precisam descobrir quem foi o doador das córneas, e tentarem desvendar o mistério por trás das aparições sinistras.

“O Olho do Mal” é um título nacional péssimo e apelativo, pois poderia ser simplesmente a tradução literal para “O Olho”. Aliás, os títulos nacionais são tão mal escolhidos que geram uma enorme bagunça com os nomes. Esse filme é uma refilmagem de um original chinês que aqui recebeu o nome de “The Eye – A Herança”. Ainda foram produzidas outras duas seqüências da franquia, com histórias independentes, “Visões” (Gin Gwai 2 / The Eye 2, 2004) e “Visões 2 – A Vingança dos Fantasmas” (Gin Gwai 10 / The Eye 10, 2005). Todos os três filmes foram dirigidos pelos irmãos Oxide e Danny Pang.
A refilmagem americana é desnecessária, e só demonstra a falta de vontade e criatividade da mais rica e poderosa indústria de cinema do mundo. Os americanos são tão arrogantes que precisam refilmar as histórias de sucesso de outros países. O público de lá não gosta mesmo de ler legendas e precisam ter seus próprios filmes. “O Olho do Mal” é apenas um filme comum, com alguns sustos previsíveis e a aparição de fantasmas raivosos, mostrando uma história que já foi contada pelo filme dos irmãos Pang, e talvez possa agradar quem ainda não conhece sua fonte de inspiração. Porém, para quem já conhece a história, a produção americana não acrescenta nada, nem para a franquia, nem para o cinema de horror em geral.

“O Olho do Mal” (The Eye, Estados Unidos, 2008) # 489 – data: 16/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 16/03/08)

A Invasora (À L´intérieur, França, 2007)


A França já nos presenteou com o sangrento “Alta Tensão” (Haute Tension / High Tension, 2003), de Alexandre Aja, o mesmo cineasta da refilmagem “Viagem Maldita”. Agora, novamente de lá vem uma outra produção extremamente perturbadora e sanguinolenta, com doses excessivas de ultra violência: “A Invasora” (À L´intérieur / Inside, 2007), dirigida por Alexandre Bustillo e Julien Maury (responsáveis pela refilmagem de “Hellraiser”). Foi lançado no mercado nacional de DVD pela “California Filmes” no final de 2007 e é um daqueles filmes diferenciados, longe da grande maioria de histórias convencionais que são produzidas aos montes em todos os cantos do planeta. Aqui, a violência é crua e o sangue jorra em profusão, manchando a tela de vermelho.

A história é simples, mas eficiente. Uma mulher, Sarah (Alysson Paradis), está grávida e angustiada pela morte brutal do marido numa colisão frontal do carro em que dirigia. Por sorte ela sobreviveu ao acidente, assim como o bebê que carrega no ventre, e agora está esperando seu nascimento. Porém, na noite que precede o Natal, ela recebe a visita inesperada de uma misteriosa mulher (Béatrice Dalle), que logo demonstra ser uma grande ameaça para sua vida, invadindo sua casa e instaurando o caos, desespero e horror no ambiente. Quem será ela e quais seus objetivos?

O filme não economiza no derramamento de sangue e na violência das várias mortes que acontecem. O clima de tensão é constante e intenso, deixando o espectador incomodado e totalmente concentrado nas ações e evolução do roteiro, ávido por saber o desfecho e descobrir respostas para algumas perguntas. As cenas em que aparece o bebê na barriga de Sarah são todas pertinentes e de fundamental importância, mostrando suas reações ao sentir o desespero da mãe na luta pela sobrevivência e na defesa da vida do filho ainda por nascer. A violência contra o ventre da mulher grávida é especialmente perturbadora e pode ser considerado o destaque na aclamada ousadia dos cineastas ao fazerem seu filme. “A Invasora” é altamente recomendável para quem quer ver um filme não convencional, sem fantasias sobrenaturais, fantasmas ou monstros disformes, mas com violência excessiva causada pela pior e mais perigosa criatura: o próprio ser humano.

“A Invasora” (À L´intérieur / Inside, França, 2007) # 488 – data: 15/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 15/03/08)

Palhaço Assassino (Clownhouse, 1989)


Nenhum homem pode se esconder de seus medos. Eles fazem parte dele. Eles sempre saberão onde ele está escondido

Três irmãos adolescentes, o caçula Casey Collins (Nathan Forrest Winters), Geoffrey (Brian McHugh) e o mais velho Randy (Sam Rockwell), passam a noite sozinhos numa grande casa (o pai está ausente por causa do trabalho e a mãe está fora visitando parentes). Paralelamente, três doentes mentais perigosos escapam de uma clínica psiquiátrica e vão até um circo instalado na região. Eles matam os palhaços que acabaram de fazer uma apresentação e tomam suas fantasias, pintando os rostos e transformando-se nos lunáticos Cheezo (Michael Jerome West), Bippo (Byron Weible) e Dippo (David C. Reinecker), que decidem aterrorizar os jovens, especialmente o coulrofóbico Casey.

Quando o assunto é filme de horror com palhaços, um dos mais lembrados é “Palhaço Assassino” (Clownhouse, 1989), escrito e dirigido por Victor Salva, cineasta mais conhecido por “Olhos Famintos” (Jeepers Creepers, 2001) e a seqüência de 2003. O título nacional é bem ruim e apelativo e quase se confunde com “Palhaços Assassinos”, uma bagaceira cultuada misturando horror e ficção científica, com alienígenas parecidos com palhaços chegando ao nosso planeta e se alimentando dos humanos, cujo título original é o sonoro “Killer Clowns From Outer Space”.
“Clownhouse” aborda intencionalmente a coulrofobia, ou seja, o medo de palhaços, um tema também visto em outros filmes como “It – A Obra Prima do Medo” (It, 1990), baseado em texto de Stephen King. Ele lembra um pouco “Sozinho no Escuro” (Alone in the Dark, 1982), que também tem um grupo de quatro maníacos (com Jack Palance e Martin Landau entre eles) fugindo de um hospício e aterrorizando um grupo de pessoas isoladas numa casa (com Donald Pleasence à frente).
Mas “Palhaço Assassino” não apresenta nada de especial, limitando-se a explorar a fobia por palhaços com um grupo de jovens sendo perseguidos e lutando por suas vidas. Temos algumas boas doses de suspense e as correrias de praxe. Mas, no final, tudo é comum e sem grandes atrativos. Vale conhecer o filme pela curiosidade do tema e por Victor Salva, que ganhou certa notoriedade pela franquia “Olhos Famintos”.

“Palhaço Assassino” (Estados Unidos, 1989) # 487 – data: 13/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 14/03/08)

Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959 / 64) - série de TV


Esta porta se abre com a chave da imaginação. Atrás dela existe outra dimensão. Uma dimensão de sonho. Uma dimensão de imagens. Uma dimensão mental. Vocês estão entrando num mundo cheio de sombras e substância, de coisas e idéias. Pois vocês passaram para Além da Imaginação

A série de TV “Além da Imaginação” (The Twilight Zone), ou “A Zona do Crepúsculo”, numa tradução literal do original em inglês, criada e apresentada pelo genial Rod Serling (1924 / 1975), dispensa maiores comentários, pois é uma das mais conhecidas e cultuadas séries da telinha apresentando episódios com histórias ambientadas num universo fantástico, alternando ou mesclando elementos de horror, ficção científica e fantasia. Ela teve no total 138 episódios de 25 minutos de duração e mais 18 episódios de 50 minutos, em 5 temporadas entre o final dos anos 50 e meados da década de 60 do século passado. Produzida em preto e branco e filmada com baixo orçamento, os efeitos especiais são extremamente modestos (mesmo para a época de cerca de 50 anos atrás), e sua maior qualidade está no alto nível das histórias.
Entre 1985 / 1989 e depois entre 2002 / 2003, tivemos novas versões da série, mas ambas (e principalmente a mais nova, narrada pelo ator Forest Whitaker) não conseguiram igualar o nível das histórias e especialmente o “charme” único do original.
Já escrevi anteriormente dois artigos detalhados sobre a série em geral e enfocando mais especificamente os episódios “O Túmulo Submerso” (The Thirty-Fathom Grave) e “Os Invasores” (The Invaders), que estão disponíveis no blog “Juvenatrix”. Seguem os endereços:
http://juvenatrix.blogspot.com/2005/12/alm-da-imaginao-o-tmulo-submerso.html
http://juvenatrix.blogspot.com/2005/12/alm-da-imaginao-os-invasores-195964.html
Dessa forma, o objetivo desse texto é somente registrar mais algumas informações e opiniões rápidas sobre outros 29 episódios que tive acesso, gravados no formato DVD.
Atenção: nos comentários dos episódios podem existir alguns eventuais “spoilers”.
* “O Julgamento” (Judgement Night), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por John Brahm e escrito por Rod Serling.
Um homem está confuso e aparece misteriosamente “além da imaginação” à bordo de um navio que está cruzando o Oceano Atlântico, saído da Inglaterra rumo aos Estados Unidos, em plena época da Segunda Guerra Mundial, com o mar infestado de submarinos alemães. Ele é Carl Lanser (o israelense Nehemiah Persoff, outro rosto conhecido por inúmeras séries de TV da mesma época), e está bastante reflexivo, tentando lembrar de seu passado e entender porque estaria no navio. Ao ser convidado para jantar com o Capitão Wilbur (Ben Wright), ele fica nervoso e acaba revelando informações que surgem em “flashes” rápidos em sua mente, como o fato de ser alemão e ter conhecimentos de submarinos. A partir daí, uma sucessão de eventos tensos tornariam a vida de Lanser literalmente um inferno em chamas.
Novamente o grande Serling nos presenteia com uma história de horror, assombração e vingança no melhor estilo da série. Curiosamente, o ator James Franciscus, aqui ainda jovem, faz uma ponta com o Tenente alemão Mueller. Ele estrelou os filmes de ficção científica “De Volta ao Planeta dos Macacos” e “Escravos da Noite” (ambos de 1970).

* “Tempo Suficiente” (Time Enough at Last), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por John Brahm e escrito por Rod Serling, baseado em história de Lynn Venable.
Um bancário chamado Henry Bemis (Burgess Meredith), que usa um óculos de lentes grossas e é completamente obcecado por leitura (jornais, livros, revistas, periódicos, rótulos, tudo), não encontra tempo suficiente para ler, sendo pressionado pelo presidente do banco, Sr. Carsville (Vaughn Taylor), que exige que o funcionário se dedique mais ao trabalho ao invés de ficar lendo ao mesmo tempo em que atende os clientes no caixa, e também em casa onde sua esposa Helen (Jacqueline de Wit) o impede de realizar suas leituras, sempre reclamando da ausência do marido. Quando Henry decide se esconder no cofre do banco durante a hora do almoço para poder ler em paz, uma bomba de alto poder de destruição “além da imaginação” explode e arrasa a cidade. Ele, porém, se salva da destruição protegido pelas paredes do cofre e passa a vagar solitariamente pelas ruínas. Desesperado por ser o único sobrevivente do hecatombe nuclear, descobre uma biblioteca pública com centenas de livros em boas condições e agora com tempo suficiente, ele se prepara para fazer o que mais gosta na vida, sem a interferência de ninguém.
“Tempo Suficiente” é também um dos episódios mais conhecidos pelos fãs. Curto, produzido na primeira temporada e com um roteiro muito interessante explorando novamente o caos e destruição de uma guerra. Tem Burgess Meredith (que também esteve no episódio “O Emissário do Inferno”), e um desfecho marcante e memorável, daqueles que sempre lembramos quando o assunto é a série.

* “Terceiro Planeta do Sol” (Third From the Sun), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Richard L. Bare e escrito por Rod Serling, baseado em história de Richard Matheson.
O cientista especialista em armamentos de hidrogênio William Sturka (Fritz Weaver) trabalha para o governo num projeto militar voltado para a construção de bombas atômicas. Uma vez sabendo da turbulência política entre duas nações inimigas que entrarão em guerra muito brevemente, ele informa sua esposa Eve (Lori March) e filha adolescente Jody (Denise Alexander) que terão que fugir do planeta antes da explosão nuclear que devastará tudo, num plano secreto de fuga juntamente com o piloto Jerry Riden (Joe Maross) e sua esposa Ann (Jeanne Evans). Eles pretendem utilizar uma nave espacial experimental “além da imaginação” que pode viajar pelas estrelas, fugindo para um outro mundo onde acreditam existir vida similar. Porém, um agente do governo, Carling (Edward Andrews), desconfia da conspiração e tentará impedi-los.
Outro excelente episódio explorando a temática do fim do mundo com uma catástrofe nuclear, aproveitando a paranóia da época com a guerra fria entre Estados Unidos e a antiga União Soviética, instaurando o medo do holocausto na humanidade. É baseado em conto de Richard Matheson e tem Fritz Weaver no elenco, um ator com muitas participações em séries de TV dos anos 60 e 70. A nave espacial é o mesmo “disco voador” que apareceu no clássico “Planeta Proibido” (1956) e em outros episódios da mesma série de Rod Serling como “A Nave da Morte” e “Os Invasores”, ambos igualmente inspirados em histórias de Matheson. Não falta também a tradicional surpresa final.

* “O Seu Mundo Particular” (A World of His Own), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Ralph Nelson e escrito por Richard Matheson.
Gregory West (Keenan Wynn) é um escritor de peças teatrais e em “seu mundo particular” ele cria personagens ao ditar e registrar suas características num gravador, os quais transformam-se em reais, podendo depois desaparecerem ao destruir os rolos gravados das fitas. Dessa forma, ele cria Mary (Mary La Roche), uma bela e jovem mulher, para fazer-lhe companhia nos momentos de solidão enquanto trabalha nos roteiros. Porém, quando surge no escritório sua também bela esposa Victoria (Phyllis Kirk), que encontra Mary, o escritor decide explicar a sua inusitada capacidade de criar personagens vivos.
Curiosamente esse episódio curto é o primeiro em que Rod Serling aparece no final. Normalmente, ele apenas participava como narrador, e depois desse episódio ele voltou a aparecer várias outras vezes nas demais temporadas. Em “O Seu Mundo Particular” também é a primeira e única vez em que Serling interage com os personagens na história, dando aquele toque final característico “além da imaginação”, e inserindo elementos de bom humor e fantasia à história de Richard Matheson. O ator Keenan Wynn (1916 / 1986) esteve no clássico de Stanley Kubrick “Dr. Fantástico” (1964). E Phyllis Kirk estrelou “Museu de Cera” (1953), ao lado de Vincent Price.

* “Fuga Para a Morte” (Escape Clause), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Mitchell Leisen e escrito por Rod Serling.
Um homem hipocondríaco, arrogante e egocêntrico, Walter Bedecker (David Wayne), ignora o laudo de seu médico (Raymond Bailey) e continua intolerante e com doenças imaginárias. Ele é casado com a dedicada Ethel (Virginia Christine), que está cansada e fraca de cuidar do marido depressivo. Em certo momento, Walter recebe a visita do diabo, utilizando o nome de Sr. Cadwallader (Thomas Gomez), que lhe propõe um acordo “além da imaginação”: sua alma pela imortalidade. O homem com mania de doença e medo de morrer aceita o trato, mas logo se convence que fez mau negócio por sua vida se transformar em algo tedioso e sem emoção, e passa a pensar numa cláusula do contrato, onde poderia solicitar “uma fuga para a morte”.
Outro dos vários episódios da série com temática de pactos com o demônio, utilizando o tradicional clichê sobre receber algo em troca da alma. Como o assunto já é um pouco cansativo de tanto ser explorado, o episódio perde ligeiramente sua carga de intensidade e interesse, mas ainda assim diverte. David Wayne esteve no clássico “O Enigma de Andrômeda” (1971), de Robert Wise (cineasta especialista no gênero fantástico, com “O Túmulo Vazio”, 1945, “O Dia Em Que a Terra Parou”, 1951, e “Desafio ao Além”, 1963). Thomas Gomez esteve também no episódio “O Pó Mágico” (Dust).

* “O Grande Desejo” (The Big Tall Wish), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Ron Winston e escrito por Rod Serling.
Um boxeador veterano, Bolie Jackson (Ivan Dixon), está velho para as lutas e com muitas cicatrizes no rosto, que revelam a trajetória de uma vida sofrida. Seu melhor amigo é um garoto, Henry (Steven Perry), filho de uma vizinha, Frances (Kim Hamilton), que o idolatra e fala sobre uma mágica onde depois de muita concentração e fé, ele consegue realizar “grandes desejos”. Depois de machucar seriamente sua mão direita, se irritar com o empresário Thomas (Henry Scott), que não acredita mais nele, sentir-se sozinho tendo poucos ao seu lado, e entre eles o massagista Joe Mizell (Walter Burke), e enfrentar uma difícil luta contra um oponente mais jovem, Joey Consiglio (Charles Horvath), sendo brutalmente nocauteado, as coisas repentinamente invertem de situação, graças a um “grande desejo” de Henry, que somente acontece “além da imaginação”.
Rod Serling novamente apresenta aqui um episódio menos sombrio, investindo numa fábula que mostra a importância da fé de uma criança, que acreditando em grandes desejos mágicos consegue realizar coisas inexplicáveis. Porém, por outro lado, temos também um boxeador experiente, que alerta para a necessidade de encararmos a realidade da vida sem fantasias, e que diz algo como “Depois que alguém pressiona sua cabeça contra a sarjeta, você percebe que o mundo é feito de concreto e a vida não é somente um desejo”. O ator negro Ivan Dixon esteve também no episódio “Eu Sou a Noite”, da quinta fase da série.

* “Um Homem Só” (The Lonely), episódio da primeira temporada (1959 / 60), dirigido por Jack Smight e escrito por Rod Serling.
No futuro, James A. Corry (Jack Warden) é um homem condenado por assassinato que foi enviado para cumprir uma pena de 50 anos sozinho num asteróide. Ele recebe a visita de outros homens apenas a cada três meses, para receber provisões, sempre entregues pelo Capitão Allenby (John Dehner), acompanhado dos policiais Adams (Ted Knight) e Carstairs (James Turley). Acreditando que Corry matou em legítima defesa e sensibilizado pela solidão avassaladora em que foi submetido, tendo como companhia apenas o imenso e desolador deserto do asteróide, o Capitão Allenby deixa um presente para o prisioneiro: um robô com aparência de uma bela mulher, Alicia (Jean Marsh), programado para sentir emoções. A princípio relutante em aceitar a máquina, Corry depois encontra em Alicia a salvação para sua solidão angustiante.
“Um Homem Só” é um episódio com fortes elementos de ficção científica, abordando com eficiência e interesse o tema da solidão e de robôs humanizados, com um final marcante, como já de costume nas histórias brilhantes de Rod Serling. Jack Warden e John Dehner são atores conhecidos por participações em diversas séries de TV da época. A atriz inglesa Jean Marsh esteve na fantasia “Willow” (1988), como a Rainha Bavmorda. Jack Smight dirigiu a bagaceira de FC “Herança Nuclear” (Damnation Alley, 1977).

* “A Beleza Está Apenas Em Quem Olha” (The Eye of the Beholder), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Douglas Heyes e escrito por Rod Serling.
Janet Tyler (interpretada com o rosto coberto por Maxine Stuart, e com o rosto revelado por Donna Douglas), é uma mulher que está hospitalizada e com o rosto coberto por bandagens. Ela está sob os cuidados de um médico (William D. Gordon) que tenta recuperar sua face com tratamentos de remédios agressivos e injeções, pois ela é vítima de uma deformação que a impede de viver numa sociedade “além da imaginação”, utópica e autoritária, que não aceita diferenças entre os indivíduos, e cujo líder (George Keymas) faz constantes discursos em prol da igualdade. Após várias tentativas de reverter a deformidade, ela agora tem a última chance de se curar, aguardando apenas a remoção das bandagens para saber o resultado.
Esse episódio também é muito lembrado pelos fãs, numa interessante história de crítica social e política, explorando a idéia de igualdades e diferenças entre as pessoas sob o ponto de vista do título nacional. O desfecho surpresa segue uma das características tradicionais da série. Curiosamente, o episódio também é conhecido pelo título original “The Private World of Darkness”.

* “A Odisséia do Vôo 33” (The Odyssey of Flight 33), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Justus Addiss e escrito por Rod Serling.
Um avião está viajando tranquilamente saindo de Londres com destino à Nova Iorque. O piloto é o Capitão Farver (John Anderson, o mesmo do episódio “O Velho da Caverna”), que é acompanhado por outros membros da tripulação como os oficiais Craig (Paul Comi), Wyatt (Wayne Heffley), o engenheiro Purcell (Harp McGuire) e o navegador Hatch (Sandy Kenyon). Porém, a aeronave misteriosamente começa a viajar numa velocidade extremamente alta e em aceleração constante, fora do controle da tripulação, causando turbulências e desconfortos para os passageiros, e devido a esse estranho fenômeno “além da imaginação”, eles atravessam um portal temporal e se perdem no passado tentando reencontrar o ponto de origem novamente.
Episódio abordando viagens no tempo, novamente numa criação da mente imaginativa de Rod Serling, lançando interessantes especulações sobre os misteriosos desaparecimentos de aviões em pleno vôo (será que eles estão perdidos tentando achar o caminho de casa?).

* “A Mente e o Problema” (The Mind and the Matter), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Buzz Kulik e escrito por Rod Serling.
Archibald Beechcroft (Shelley Berman) trabalha numa agência de seguros. Anti-social ao extremo, ele detesta a obrigação de ter que conviver com pessoas, seja no metrô, nas ruas, ou no trabalho. Seu maior sonho é eliminar o barulho e as pessoas de sua vida. Depois de ganhar um livro de auto-ajuda de um colega de trabalho, Henry (Jack Grinnage), cujo conteúdo ensina o leitor a utilizar a concentração da mente para obter qualquer coisa, Archibald consegue sucesso nesse poder de concentração “além da imaginação” e elimina todas as pessoas do mundo, passando a viver solitariamente. Porém, o excesso de solidão trouxe também um inevitável tédio, obrigando-o a repensar seus conceitos.
Aqui, a abordagem do episódio é sobre o “stress” da vida moderna e seus efeitos sobre a rotina de vida de um homem comum e anti-social, especulando se talvez a solidão seja a solução para seus problemas. Interessante notar como a história ainda é ambientada nos longínquos anos 60, onde o visionário Serling já demonstrava preocupação com a agitação exagerada das grandes cidades, porém acho que nem ele imaginaria o caos urbano em que o mundo se transformou apenas meio século depois. Curiosamente, tem uma cena passada num elevador, onde Archibald se concentrou utilizando o poder de sua mente para que todas as pessoas fossem iguais a ele, e percebe-se claramente a péssima maquiagem do rosto dos figurantes, que utilizavam máscaras toscas que deveriam se parecer com a face de Archibald, apesar de que esse fato é compreensível, uma vez que a série foi produzida com pouco dinheiro e seu diferencial é justamente a apresentação de boas histórias.

* “O Pó Mágico” (Dust), episódio da segunda temporada (1960 / 61), dirigido por Douglas Heyes e escrito por Rod Serling.
Numa pequena e quente cidade do velho oeste americano, um vendedor ambulante ganancioso e charlatão, comerciante de todo tipo de tranqueiras, Sykes (Thomas Gomez), fica zombando de um jovem condenado à morte por enforcamento, Luis Gallegos (John Alonso). Ele está preso na cadeia do xerife Koch (John Larch) e aguardando a execução, por causa do atropelamento e morte de uma garotinha, num momento onde estava embriagado para tentar se esquecer da vida miserável e de fome em que vive com a família. Seu pai (interpretado por Vladimir Sokoloff) suplica perdão em vão aos pais da menina morta, Sr. Canfield (Paul Genge) e esposa (Dorothy Adams), que assim como os demais habitantes da cidade, querem externar suas raivas e frustrações com vingança cega. Nesse momento, Sykes vê a oportunidade de ludibriar o velho e vende um suposto pó mágico “além da imaginação” que espalharia o amor aos que querem a execução do filho, tentando salvá-lo da corda no pescoço na última hora.
Novamente um episódio ambientado no velho oeste americano, “O Pó Mágico” é uma daquelas histórias simples que somente apresenta o elemento fantástico no desfecho. E dessa vez, investindo numa mensagem otimista, tentando alertar para a necessidade de sensibilizar o coração da humanidade, normalmente sedenta de sangue e ódio.

* “O Sol da Meia-Noite” (The Midnight Sun), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Anton Leader e escrito por Rod Serling.
A Terra saiu de sua órbita normal por algum motivo “além da imaginação” e passou muito rapidamente a se aproximar do Sol. Com isso, não existe mais noite e a temperatura está aumentando, obrigando as pessoas a fugirem para locais mais frescos, abandonando suas casas. As ruas ficaram desertas, a energia escassa (para manter geladeiras, ventiladores e condicionadores de ar ligados) e a água potável tornou-se item raro e extremamente valioso. Entre as poucas pessoas que decidiram ficar em suas casas estão a pintora de quadros Norma (Lois Nettleton), que passa o tempo reproduzindo nas telas o imenso Sol sobre a cidade, na visão que tem da janela de seu apartamento, e sua vizinha Sra. Bronson (Betty Garde). Ambas lutam para sobreviver em meio ao caos gerado pelo calor excessivo, ouvindo as orientações das autoridades pelo rádio e tentando manter a sanidade. Para complicar as coisas, surge um homem intruso e ameaçador (Tom Reese), que está desesperado à procura de água, enquanto as notícias tornam-se progressivamente piores por causa do super aquecimento do mundo e a aproximação cada vez maior do Sol.
Mais um ótimo episódio enfocando o apocalipse e a destruição do planeta, dessa vez não por uma guerra, mas por um fenômeno da natureza que levou o mundo de encontro ao Sol. Também não falta o elemento surpresa no final, característico da série. Curiosamente, o roteiro original de Serling incluía dois personagens adicionais que foram cancelados depois: um oficial da polícia (que seria interpretado por John McLiam) e um mecânico de geladeira (Ned Glass).

* “Sapatos de Outro Mundo” (Dead Man´s Shoes), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Montgomery Pittman e escrito por Charles Beaumont e Oceo Ritch (não creditado).
Um homem sem teto, morador das ruas, Nathan Edward Bledsoe (Warren Stevens), está dormindo num beco escuro quando é despertado pelo ruído de um carro que pára próximo e desova um cadáver. O homem morto está usando um atraente par de sapatos “além da imaginação”, que despertam a atenção do mendigo. Nathan decide roubá-los e ao colocá-los nos pés, seu corpo é possuído pelo homem morto, que nessa nova condição, caminha até seu apartamento, encontra a bela namorada Wilma (Joan Marshall), que obviamente fica confusa com a situação, e passa a se preparar para uma vingança pessoal contra um gangster poderoso, Dagget (Richard Devon), que foi responsável por seu assassinato.
Warren Stevens foi o Tenente “Doc” Ostrow no clássico de Ficção Científica “O Planeta Proibido” (1956), e um rosto conhecido por inúmeras participações em séries de TV dos anos 60 como “Rota 66”, “Gunsmoke”, “Paladino do Oeste”, “Quinta Dimensão”, “Combate”, “Daniel Boone”, “Bonanza”, “Chaparral”, “Laramie”, “Missão Impossível”, “Jornada nas Estrelas”, “O Túnel do Tempo”, “Viagem ao Fundo do Mar”, “Terra de Gigantes”, entre outras.

* “Solidão Absoluta” (One More Pallbearer), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Lamont Johnson e escrito por Rod Serling.
Um rico, egocêntrico e arrogante milionário, Paul Radin (Joseph Wiseman), constrói um abrigo seguro contra uma guerra nuclear, localizado muito abaixo da superfície. Ele prepara um cenário onde efeitos especiais e mensagens falsas de rádio indicariam a ocorrência do holocausto, e convida três pessoas que tiveram influências em sua vida tumultuada (uma professora, um padre e um militar), para ficarem com ele no abrigo e se salvarem. Em troca, ele apenas quer as desculpas dos convidados pelos ressentimentos causados por eles no passado. A professora, Sra. Langford (Katherine Squire), o reprovou e humilhou na escola por ter colado em uma prova. O padre, Sr. Hughes (Gage Clark), o denunciou pelo suicídio de uma moça causado por ele. E o Coronel Hawthorne (Trevor Bardette) o havia mandado para a corte marcial por não executar uma ordem no campo de batalha, a qual resultou numa chacina de soldados. Porém, os três convidados recusaram a solicitação de Radin alegando que a honra é mais importante que a própria vida.
Outro excepcional episódio escrito por Serling, novamente usando a paranóia da guerra nuclear e a ameaça destruidora da bomba de hidrogênio, aproveitando para explorar a loucura da mente humana. Paul Radin é um homem rico, mas infeliz e amargurado com o passado. Como o próprio Serling diz, ele é um “fabricante de fantasias que vive numa solidão incomensurável e num funeral que ele mesmo providenciou numa região Além da Imaginação”. Em “Solidão Absoluta” não falta a tradicional reviravolta e surpresa final, fechando com “chave de ouro” mais uma história memorável.

* “Duelo Com Rance McGrew” (Showdown With Rance McGrew), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Christian Nyby e escrito por Rod Serling, a partir de uma idéia de Frederic Louis Fox.
Um astro das séries de TV de western, Rance McGrew (Larry Blyden), é um típico “almofadinha”, sujeito egocêntrico, arrogante, chato e que não sabe nada sobre seus personagens, pois não cavalga, não bebe whiskey, não atira, não luta, e sempre é substituído por um dublê (Jim Turley) nas cenas de ação. Porém, as coisas mudam quando misteriosamente e “além da imaginação”, ele é transportado no tempo numa cena em que está atuando, indo parar no real velho oeste americano, tendo que encarar de frente o temido e histórico pistoleiro “Jesse James” (Arch Johnson), que está insatisfeito com a forma como é retratada sua vida e de amigos igualmente famosos como “Billy the Kid”, nas filmagens com roteiros equivocados.
Episódio ambientado no velho oeste e utilizando uma mistura de fantasia e humor (em excesso), fugindo da característica tradicional da série com elementos mais sombrios e pessimistas. Talvez por isso mesmo, a história passa uma idéia menos atraente e que logo se esquece, constituindo-se apenas num episódio menor e de diversão rápida e passageira, apesar da crítica pertinente do roteiro contra os excessos e situações distorcidas apresentadas nas séries de TV sobre western, obrigando os reais personagens da história do velho oeste americano a intervir e colocar “ordem na casa”. Curiosamente, o diretor Christian Nyby estreou na profissão com o clássico da FC “O Monstro do Ártico” (The Thing, 1951).

* “Um Piano em Casa” (A Piano in the House), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por David Greene e escrito por Earl Hammer, Jr..
Fitzgerald Fortune (Barry Morse) é um crítico de teatro cínico. Para presentear sua esposa Esther (Joan Hackett) em seu aniversário, ele procura um piano numa loja de antiguidades e consegue comprar um instrumento antigo e especial, que toca sozinho um repertório de músicas “além da imaginação”. Ao levar para casa e colocar o aparelho em funcionamento, ele percebe uma mudança drástica no comportamento mais simpático do mordomo Marvin (Cyril Delevanti), normalmente um homem velho e excessivamente calado e mal humorado, descobrindo a capacidade sobrenatural da música em trazer à tona os sentimentos reprimidos das pessoas que a ouvem, expondo suas faces escondidas. Fitzgerald então decide brincar com a esposa e os convidados de sua festa de aniversário, utilizando o piano para desvendar momentos verdadeiros de suas personalidades, e que permaneciam resguardados, espalhando constrangimentos em amigos como o escritor de peças teatrais Gregory Walker (Don Durant) e a obesa e reprimida Marge Moore (Muriel Landers).
Aqui a história apresenta um paralelo com o episódio posterior “As Máscaras”, da quinta temporada, onde ambos tratam de um tema comum e interessante: a verdadeira e escondida face das pessoas. No caso de “Um Piano em Casa”, foi o instrumento musical que conseguia revelar a personalidade oculta de seus ouvintes, evidenciando a fragilidade emocional do protagonista Fitzgerald Fortune, um homem amargurado que gostava de humilhar os outros e que em sua “procura por pessoas escondidas, achou a si mesmo”, nas palavras da narração de Rod Serling. O ator Barry Morse fez parte do elenco fixo da série “O Fugitivo”, interpretando o policial Philip Gerard.

* “Os Sobreviventes” (Two), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido e escrito por Montgomery Pittman.
Um lugar “além da imaginação”. Uma cidade devastada pela guerra, onde nenhum ser humano havia pisado nos últimos cinco longos anos. E entre as ruínas surgem dois sobreviventes, uma mulher (Elizabeth Montgomery) e um homem (Charles Bronson), usando fardas diferentes e inimigas. Ambos estão à procura de comida e paz, conforme diz o soldado, “não existem mais fronteiras, governos, nem causas nobres, portanto não existem mais motivos para lutar”. Após uma série de desentendimentos iniciais, desde a dificuldade de comunicação até a desconfiança, eles decidem que a guerra já acabou.
Outra história enfocando os efeitos do pós-guerra, num encontro de um homem e uma mulher numa cidade destruída no futuro. Inicialmente de lados opostos no conflito, e que solitários, acabam se aproximando amigavelmente. “Os Sobreviventes” é um daqueles episódios simples, com apenas dois personagens e dessa vez sem a tradicional presença de elementos sobrenaturais na trama, ou seja, apenas enfocando a insanidade de uma batalha apocalíptica e suas conseqüências. A bela Elizabeth Montgomery foi a simpática bruxa Samantha Stephens na cultuada série de TV “A Feiticeira” (Bewitched, 1964 / 1972). Já Charles Bronson dispensa apresentações, tornando-se um grande astro do cinema, principalmente pelos filmes de western e ação, onde destaca-se a franquia “Desejo de Matar” (Death Wish), com cinco filmes, interpretando o vigilante Paul Kersey.

* “O Vale Imóvel” (Still Valley), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por James Sheldon e escrito por Rod Serling, a partir do conto “The Valley Was Still”, de Manly Wade Wellman.
Em 1863, próximo ao final da guerra civil americana entre o Norte (União) e Sul (Confederação), que se proclamavam duas nações distintas e opostas, dois soldados sulistas estão numa missão de reconhecimento de um posto avançado inimigo “além da imaginação”, numa pequena cidade do Estado da Virginia. Eles são o Sargento Joseph Paradine (Gary Merrill) e Dauger (Ben Cooper). Paradine vai então até a cidade e encontra um grupo de soldados ianques totalmente imóveis, resultado de um encantamento de feitiçaria feito por um velho bruxo à beira da morte, Teague (Vaughn Taylor), que quer repassar seu livro de magia negra para os confederados vencerem a guerra com a ajuda do diabo.
Mais um episódio enfocando o passado da história americana, mais especificamente a guerra civil que dizimou milhares de soldados, apresentando elementos de horror através do uso de bruxaria. Vaughn Taylor esteve também em outros quatro episódios da série e interpretou George Lowery, o chefe de Marion Crane (Janet Leigh) no clássico “Psicose” (1960), de Alfred Hitchcock.

* “Vovó Melhor Que a Encomenda” (I Sing the Body Electric), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por James Sheldon e William F. Claxton, e escrito por Ray Bradbury, a partir de sua própria história homônima.
O viúvo Sr. Rogers (David White), perdeu a esposa há um ano e sente que precisa de ajuda para criar os três filhos pequenos, Anne (Veronica Cartwright), de 11 anos, Tom (Charles Herbert), de 12 anos, e Karen (Dana Dillaway), de 10 anos. A solução que ele encontrou estava num anúncio de jornal, onde poderia comprar uma empregada e babá ao mesmo tempo (interpretada por Josephine Hutchinson), através do vendedor (Vaughn Taylor) de uma empresa de alta tecnologia. Porém, o detalhe “além da imaginação” é que a nova “vovó melhor que a encomenda” é um robô, que tem que enfrentar a resistência de aceitação por parte de uma das crianças, a garota Anne, que não quer alguém substituindo a mãe falecida.
Fábula futurista escrita pelo cultuado Ray Bradbury (sua história também virou filme em 1982 com “The Electric Grandmother”). Fugindo um pouco da característica da série, o episódio deixa de lado os elementos mais sombrios e pessimistas e o desfecho surpresa, para investir numa história mais familiar de FC e fantasia. A atriz inglesa Veronica Cartwright esteve em “Invasores de Corpos” (1978) e “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979), além de ser a irmã mais velha de Angela Cartwright, a Penny Robinson da série “Perdidos no Espaço”. David White fez parte do elenco fixo da série “A Feiticeira”, interpretando Larry Tate, um executivo dono de uma agência de publicidade.

* “Os Transeuntes” (The Passersby), episódio da terceira temporada (1961 / 62), dirigido por Elliot Silverstein e escrito por Rod Serling.
Em 1865, no final da guerra civil americana, uma mulher, Lavinia Godwin (Joanne Linville), está sentada na varanda de sua casa observando uma estrada onde passam centenas de soldados e civis (“os transeuntes”), que caminham cabisbaixos e lentamente sem parar rumo ao final da “estrada suja com resíduos de batalhas perdidas e sonhos destruídos”, conforme diz o narrador Rod Serling. Entre os que caminham está um sargento da confederação (Sul), interpretado por James Gregory, que pára na casa da mulher para beber água. Ambos conversam sobre as tristezas da guerra, onde Lavinia lamenta a morte do marido, Capitão Jud (Warren Kemmerling). Enquanto observam a estrada repleta de pessoas e cavalos caminhando, o sargento vê um tenente da União (Norte), interpretado por David Garcia, que o havia auxiliado no tratamento de um ferimento de guerra, e a mulher vê um soldado sulista que pensava estar morto com um tiro na cabeça, Charlie (Rex Holman). Qual o mistério dessa estrada?
Outra ótima história de Serling sobre a guerra civil dos Estados Unidos, evidenciando o quanto devastadora é uma guerra, onde existem apenas derrotados e tendo apenas a morte como vencedora e soberana triunfante. O enfoque central na “estrada que não se encontra nos mapas e que leva para além da imaginação” tem um efeito sombrio e reflexivo, onde no final todos caminham para o mesmo destino. O pequeno discurso final do Presidente Abraham Lincoln (Austin Green) sobre o medo da morte é um destaque memorável do episódio. O ator James Gregory esteve no western “Os Filhos de Katie Elder” (1965), ao lado de John Wayne e participou também do episódio piloto da série, “Onde Estão Todos?”, como o general da força aérea americana.

* “O Emissário do Inferno” (Printer´s Devil), episódio da quarta temporada (1963), dirigido por Ralph Senensky e escrito por Charles Beaumont, a partir de sua história “The Devil, You Say?”.
O editor do jornal “The Dansbury Courier”, Douglas Winter (Robert Sterling), está enfrentando uma crise séria por causa do sucesso do concorrente “A Gazeta”, comandado pelo Sr. Franklyn (Ray Teal). Próximo da falência e decidido a cometer suicídio, ele encontra um homem misterioso, Sr. Smith (Burgess Meredith), e é persuadido por ele a tentar levantar novamente o jornal. O Sr. Smith empresta o dinheiro suficiente para pagar as dívidas e fornece suas habilidades especiais como repórter e operador da máquina que imprime as notícias. Alegando ter um faro especial para as informações “além da imaginação”, ele consegue a façanha incomum de disponibilizar as edições do jornal pouco tempo depois de acontecimentos importantes e trágicos ocorrerem na cidade, gerando uma desconfiança na bela secretária Jackie Benson (Patricia Crowley), que é apaixonada por Douglas. As vendas sobem e o jornal se recupera rapidamente, mas o preço por isso é alto demais e inimaginável.
Esse episódio faz parte da safra produzida com 50 minutos de duração e sua história aborda o tradicional tema do diabo interferindo na Terra, em busca de almas desesperadas. Como curiosidades, Robert Sterling foi o Capitão Lee Crane no filme “Viagem ao Fundo Mar” (1961), que inspirou a cultuada série homônima, e o ator Burgess Meredith (1907 / 1997) é bastante conhecido pelos fãs de séries de TV, com muitas participações na telinha, e fazendo o papel do vilão Pingüim em “Batman” (1966 / 68). Ele também esteve em “A Sentinela dos Malditos” (77), “Um Passe de Mágica” (78) e vários filmes da franquia “Rocky”, com Sylvester Stallone.

* “Figuras de Cera” (The New Exhibit), episódio da quarta temporada (1963), dirigido por John Brahm e escrito por Jerry Sohl, a partir de uma história dele em parceria com Charles Beaumont.
Um museu de cera, de propriedade do Sr. Ferguson (Will Kuluva), tem uma interessante ala com figuras de assassinos famosos como Jack, o Estripador, Albert W. Hicks e os ladrões de cadáveres Burke e Hare. Essa ala é administrada por mais de 30 anos pelo zelador Martin Lombard Senescu (Martin Balsam, de “Psicose” e “Sentinela dos Malditos”). Porém, como o museu perdeu muito o interesse popular com a diminuição das visitações, o dono foi obrigado a vender o prédio para as instalações de um supermercado no local. Inconformado com a situação, Martin não aceita o descarte das figuras de cera dos assassinos, com as quais criou ao longo dos anos uma estreita e incomum relação de afetividade “além da imaginação”, e fica com as estátuas de tamanho natural no porão de sua casa, tendo que enfrentar a oposição de sua esposa Emma (Maggie Mahoney). Com o desaparecimento misterioso de pessoas que entraram no porão, atraindo a atenção da polícia, a suspeita recai sobre Martin (ou seriam as figuras de cera?)
O destaque desse episódio (que tem 50 minutos de duração) é a presença do veterano ator Martin Balsam (de “Psicose”, 1960, e do drama de guerra “Tora! Tora! Tora!”, 1970), numa ótima performance como um zelador intimamente ligado às estátuas de cera de assassinos históricos, com as quais conviveu por dezenas de anos, num interessante jogo psicológico de questionamentos sobre sanidade e loucura.

* “Qual o Programa de Hoje?” (What´s in the Box), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Richard L. Bare e escrito por Martin M. Goldsmith.
O taxista Joe Britt (William Demarest), é viciado em assistir programas de televisão e está em crise no casamento com a esposa Phyllis (Joan Blondell), que desconfia de infidelidade do marido. Quando o aparelho de TV apresenta defeito e ele chama um misterioso técnico para consertar, de forma inexplicável e “além da imaginação” ele consegue sintonizar um canal que exibe cenas futuras com sua participação e de conseqüências trágicas.
A série sempre foi notável por sua regularidade em ótimas e envolventes histórias, porém esse episódio é apenas comum e não desperta um interesse especial, apesar da temática surreal e desfecho pessimista.

* “As Máscaras” (The Masks), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Ida Lupino e escrito por Rod Serling.
Um milionário velho e doente terminal, Jason Foster (Robert Keith), convoca a família gananciosa para acompanhar seus últimos dias de vida. Comparecem à mansão o filho Wilfred Harper (Milton Seltzer) com a esposa Emily (Virginia Gregg), além de dois sobrinhos do velho, Wilfred Jr. (Alan Sues) e Paula (Brooke Hayward). Como uma espécie de brincadeira e exigência do patriarca à beira da morte, para que todos pudessem ter acesso ao testamento e desfrutassem das riquezas herdadas, eles teriam que usar máscaras horrendas por algumas horas até a meia-noite. Mesmo contrariados, eles aceitam o pedido, sem imaginar a surpresa “além da imaginação” que teriam no final das doze badaladas do relógio
Esse é um dos grandes e memoráveis episódios de toda a série, num roteiro excepcional de Serling, que conseguiu em apenas cerca de 25 minutos contar um história de horror evidenciando a fraqueza da raça humana como uma espécie interesseira e repleta de defeitos, expondo a verdadeira face das pessoas. Curiosamente, o ator Robert Keith morreu em 1966 e esse episódio de “Além da Imaginação” foi seu último trabalho em vida (numa coincidência sinistra com o personagem que interpretou).

* “Pesadelo nas Alturas” (Nightmare at 20.000 Feet), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Richard Donner (de “A Profecia”, 1976) e escrito por Richard Matheson.
Um homem com problemas psicológicos e medo de viajar de avião, Bob Wilson (William Shatner, o eterno Capitão Kirk de “Star Trek”), é liberado por seu médico após seis meses de repouso por causa de uma crise nervosa. Ele está acompanhado de sua esposa Ruth (Christine White), que o levará de volta para casa de avião. Porém, seus problemas retornam rapidamente quando somente ele consegue ver, “além da imaginação”, um gremlin (Nick Cravat) andando tranquilamente do lado de fora, sobre a asa do avião, tentando retirar uma parte da fuselagem que comprometeria a segurança da nave.
Outro dos inesquecíveis e mais famosos episódios da série, escrito pelo talentoso Richard Matheson (autor de “Eu Sou a Lenda”, livro que inspirou vários filmes cultuados). Shatner, aqui ainda jovem, é carismático e excelente ator, conseguindo passar para seu personagem um perturbador sentimento de agonia, desespero e impotência por ser o único passageiro a enxergar uma criatura tentando danificar o avião do lado de fora, dificultando ainda mais a credibilidade por ser um doente com fobia de aviões, e que as visões poderiam ser fruto de sua imaginação (Será?). Curiosamente, esse episódio foi refilmado como a quarta história (dirigida por George Miller) do filme “No Limite da Realidade” (The Twilight Zone: The Movie, 1983). O ator John Lithgow fez o papel do homem atormentado pelas visões da criatura atacando o avião.

* “O Velho da Caverna” (The Old Man in the Cave), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Alan Crosland Jr. e escrito por Rod Serling, baseado na história “The Old Man”, de Henry Slesar.
O mundo foi abatido por uma guerra nuclear e sobraram apenas pequenos grupos isolados de sobreviventes, que tentam se manterem vivos, apesar dos efeitos nocivos da radiação, mesmo passados dez anos da explosão da bomba. Um desses grupos é liderado por Sr. Goldsmith (John Anderson, um rosto conhecido por participações em várias séries de TV dos anos 50 e 60), que consegue manter sua comunidade relativamente coesa graças às instruções que recebe “além da imaginação” do misterioso “Velho na Caverna”. Porém, as coisas se complicam quando surge o Major French (James Coburn, outro famoso das telas, conhecido principalmente por seus papéis de vilão em westerns), um forasteiro militar arrogante que junto de seus homens, quer se apossar do lugar e comandar as pessoas, incitando-as a questionar as decisões e orientações do Sr. Goldsmith e do tal velho recluso na caverna, que ninguém jamais viu.
Mais uma excelente história apocalíptica, explorando os efeitos destrutivos de uma guerra atômica para a humanidade, que tenta sobreviver ao período pós-bomba. Também aborda a disputa de poder entre um homem que defende a sabedoria e um soldado que acredita apenas na força, além dos questionamentos de falta de fé que pode desunir um grupo de pessoas em situação adversa e levá-las à ruína.

* “A Longa Viagem” (The Long Morrow), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido pelo francês Robert Florey e escrito por Rod Serling.
Em 1987 (futuro avançado para a época de produção, e curiosamente já um passado também avançado para nós), no início das missões espaciais tripuladas para os confins do espaço sideral, o Comandante Douglas Stansfield (Robert Lansing, de “Quarta Dimensão”, 1959), é selecionado para embarcar sozinho numa longa viagem de exploração espacial “além da imaginação”. Porém, ele conhece momentos antes do embarque uma bela mulher, Sandra Horn (Mariette Hartley), e ambos se apaixonam à primeira vista. O astronauta parte em sua missão que demoraria dezenas de anos, porém não deveria envelhecer por causa do congelamento à bordo da nave, esperando reencontrar Sandra no retorno à Terra. Ela, por sua vez, também entrou em estado de criogenia para não envelhecer. O homem do espaço retorna numa época de tecnologia bem mais avançada e viagens espaciais mais corriqueiras, mas algo errado acontece no encontro com a paixão do passado.
“A Longa Viagem” é outra excelente história de ficção científica de Rod Serling, narrando eventos e situações imaginadas num futuro onde a humanidade estaria engajada na exploração espacial (e que já é passado para nós, e continuamos desconhecendo os mistérios do universo que nos cerca), mostrando o poder de uma relação de amor entre duas pessoas, distantes dezenas de anos, com a tradicional reviravolta de forte impacto na seqüência final. Curiosamente, o cineasta Robert Florey dirigiu “Murders in the Rue Morgue” (1932), com Bela Lugosi.

* “Ressurreição dos Mortos” (Mr. Garrity and the Graves), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Ted Post e escrito por Rod Serling, baseado numa história de Mike Korologos.
No velho oeste americano, em 1890, um homem, Jared Garrity (John Dehner), chega com sua carroça à pequena e agora pacata cidade de “Felicidade” (Happiness), no Arizona. Anteriormente violenta, a cidade tornou-se pacífica com as ações do xerife Gilchrist (Norman Leavitt). Entre as lembranças do passado turbulento, existem 128 pessoas enterradas no cemitério local, a grande maioria vítima de tiroteios. O Sr. Garrity se apresenta aos habitantes, especialmente o bêbado Gooberman (J. Pat O´Malley), o dono do bar Jensen (Stanley Adams) e Lapham (Percy Helton), informando que tem o poder de ressuscitar os mortos. Ele propõe então que irá trazer de volta à vida os parentes deles, porém surgem dois questionamentos: Será que o Sr.Garrity consegue mesmo essa façanha? E será que os moradores de “Felicidade” querem mesmo seus parentes e amigos de volta?
Esse episódio é mais voltando ao humor, fato que fica evidente pela premissa da história de ressuscitar os mortos e a forma como isso é encarado pelos habitantes da pequena cidade do velho oeste americano. E quando pensamos que o desfecho seria algo trivial, novamente somos presenteados por um elemento surpresa. Curiosamente o cineasta Ted Post dirigiu “De Volta ao Planeta dos Macacos” em 1970, e o ator John Dehner é um rosto conhecido em várias séries de TV dos anos 60 e 70. Ele esteve também no episódio “Um Homem Só” (The Lonely), como o Capitão Allenby.

* “Eu Sou a Noite” (I Am the Night – Color Me Black), episódio da quinta temporada (1963 / 64), dirigido por Abner Biberman e escrito por Rod Serling.
“É importante estar com a maioria, não é, Reverendo? – Jagger (um homem à beira da forca)
“A maioria é tudo que há. A minoria morreu numa cruz há dois mil anos atrás” – Reverendo Anderson
Jagger (Terry Becker) é um homem condenado à morte por enforcamento numa pequena cidade, por causa do assassinato de um outro homem, racista e intolerante. Porém, no dia da execução, às 9:30 horas da manhã, misteriosamente o sol foi substituído pela escuridão de uma noite opressora, sem motivos científicos para o fenômeno, deixando confusos os moradores ávidos por testemunharem a morte do condenado e gerando reflexões de consciência no xerife Charlie Koch (Michael Constantine), no editor de jornal Colbey (Paul Fix) e no Reverendo negro Anderson (Ivan Dixon). Em outros locais do mundo, sombras também surgem para ofuscar a luz do dia.
Esse episódio tem uma história excelente de Rod Serling com uma crítica social explorando a selvageria histórica da humanidade com a satisfação das pessoas comuns em testemunhar execuções públicas violentas como os enforcamentos de condenados à morte, evidenciando o poder destrutivo do ódio, escurecendo a luz do dia. Como curiosidade, temos a participação de três nomes muito conhecidos pelos fãs da telinha: Michael Constantine, Paul Fix e Terry Becker, onde este último fez parte do elenco fixo da série dos anos 1960 “Viagem ao Fundo do Mar”, como o Chefe Francis Ethelbert Sharkey.

Você está viajando por uma outra dimensão. Uma dimensão não apenas de visão e som, mas da mente. Uma jornada para uma terra maravilhosa, cujas fronteiras são aquelas da fantasia. Sua próxima parada: uma região Além da Imaginação

“Além da Imaginação” (The Twilight Zone, Estados Unidos, 1959 / 1964) # 484 – datas: 09/03/08 e 06/05/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 13/03/08 e 06/05/08)

Death Proof (2007) (segmento de "Grindhouse")


Death Proof” é o segundo segmento do filme “Grindhouse”, precedido por “Planeta Terror”, de Robert Rodriguez, que foi exibido nos cinemas brasileiros em 09/11/07. Inicialmente previsto para ser também exibido nas telas grandes, e que provavelmente receberia o título de “À Prova de Morte”, o filme dirigido por Quentin Tarantino é decepcionante e surpreendente ao mesmo tempo. Decepciona porque é longo demais e exageradamente chato em infindáveis cenas de diálogos que não acrescentam nada à história. Por outro lado, o filme surpreende por mostrar uma violentíssima cena de choque frontal entre dois carros em alta velocidade, detalhando as inevitáveis mortes sangrentas de seus ocupantes. E também por causa de uma longa seqüência de perseguição de carros, extremamente frenética e realista, sem o uso de computação gráfica, recurso que artificializa as filmagens de cenas similares em outros filmes.

A história é sobre um dublê psicótico, Mike McKay (Kurt Russell), que gosta de perseguir, aterrorizar e matar garotas utilizando seu carro como arma letal. O primeiro grupo de vítimas é formado por Pam (Rose McGowan), Arlene (Vanessa Ferlito), Shanna (Jordan Ladd), Julia (Sydney Taimiia Poitier) e Lanna (Monica Staggs), que sentem a fúria do psicopata e seu carro assassino. Depois, o dublê enfrenta outro grupo mais determinado e disposto a se vingar, formado por Lee (Mary Elizabeth Winstead), Albernathy (Rosario Dawson), Kim (Tracie Thoms) e Zoe Bell (interpretando ela mesma, uma dublê).

Após assistir os dois filmes e os vários trailers falsos de “Grindhouse”, totalizando mais de 3 horas de duração, fica a impressão nítida de que o episódio de Robert Rodriguez, “Planeta Terror”, é super divertido, sangrento e exagerado, e o segmento de Quentin Tarantino, “Death Proof”, apesar das cenas da batida frontal de carros e a perseguição implacável no desfecho, é cansativo e sonolento no excesso de diálogos desinteressantes entre as fúteis garotas. Aliás, empatia com o espectador parece existir apenas com o vilão interpretado por Kurt Russell, pois as mulheres, depois de tanta tagarelice, tornaram-se um convite ao tédio.

“Death Proof” (Estados Unidos, 2007) # 486 – data: 12/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 12/03/08)

Rambo IV (Rambo IV, 2008)


Viva por nada ou morra por alguma coisa” – John Rambo

Sylvester Stallone pode não ser um excelente ator, mas definitivamente é um ator carismático. Seus personagens Rocky Balboa (franquia com 5 filmes) e John Rambo (série de 4 filmes) fazem parte da cultura popular, e quem gosta pelo menos um pouco de cinema de entretenimento, já ouviu falar deles ou assistiu os filmes citados. E Stallone também tem provado ser um talentoso cineasta, dirigindo depois de muitos anos as mais recentes seqüências de ambas as franquias, “Rocky Balboa” (2006) e “Rambo IV” (2008), sendo que este último entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 29/02/08.

Depois de protagonizar três aventuras com muita ação em cenas de guerra (“Rambo – Programado Para Matar”, 1982, “Rambo II – A Missão”, 1985, e “Rambo III”, 1988), John Rambo vive agora na Tailândia, caçando cobras para servirem de espetáculos de entretenimento para turistas, ou alugando seu barco para passeios no rio Salween. Ele é procurado por um grupo de missionários americanos que quer ir até Burma, um país vizinho em guerra civil há dezenas de anos, para ajudar as vítimas inocentes do conflito com remédios e tratamento médico. O grupo é liderado por Michael Burnett (Paul Schulze) e Sarah Miller (Julie Benz), que depois de chegarem numa vila se envolvem num ataque do opressor exército de Burma, sob a liderança do Major Pa Tee Tint (Maung Maung Khin), tornando-se prisioneiros, obrigando o Reverendo Arthur Marsh (Ken Howard) a contratar um grupo de mercenários comandados por Lewis (Graham McTavish) para tentar um resgate. Rambo então é convencido a se juntar ao grupo, fazendo a diferença no conflito e sendo o responsável por uma imensa trilha de cadáveres.

Rambo somente diz algumas poucas frases, limitando-se a fazer cara de durão. É isso que ele é e somente isto basta. O resto é um banho de sangue em cenas violentíssimas de guerra, com crianças brutalmente assassinadas, e evidenciando o quanto desprezível é a raça humana e o quanto frágil e insignificante é o corpo humano, uma massa de carne, ossos, vísceras e sangue, que se despedaça facilmente ao ser alvejado num campo de batalha. “Rambo IV” parece um filme de horror em alguns momentos, com exageradas cenas de violências, decapitações, membros voando pelos ares, cadáveres podres infestados de moscas e sangue jorrando para todos os lados.
Sou fã do primeiro filme da série, que considero um ótimo drama com elementos de ação numa história cativante que estabelece uma empatia entre o espectador e Rambo. Já as duas seqüências seguintes são apenas filmes comuns de ação e guerra, com roteiros superficiais e desinteressantes, em cenas de batalha que soam artificiais demais. Em compensação, “Rambo IV” fecha bem a série, mostrando Stallone ainda em boa forma, tanto como ator como diretor, com poucas palavras e muita ação, encerrando a franquia com o sangue e a violência típicos de mais uma guerra irracional no mundo.

“Rambo IV” (Rambo IV, Estados Unidos / Alemanha, 2008) # 485 – data: 08/03/08
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 09/03/08)