Mortos Que Matam (The Last Man on Earth, EUA / Itália, 1964)



O livro “Eu Sou a Lenda” (I Am Legend), de Richard Matheson, inspirou a produção de dois filmes muito interessantes: “A Última Esperança da Terra” (The Omega Man, 71), com Charlton Heston, e o anterior “Mortos Que Matam” (The Last Man on Earth, 64), com o ícone do horror Vincent Price.
Fotografado em preto e branco e com uma co-produção entre Estados Unidos e Itália, este último teve a participação do próprio Matheson como um dos roteiristas (sob o pseudônimo de Logan Swanson), e conta a história do cientista Robert Morgan (Price), que há 3 anos está sozinho no mundo, sendo o “último homem legítimo sobre a Terra”, após uma misteriosa epidemia espalhar um vírus desconhecido que transformou as pessoas em criaturas zumbificadas com características vampirescas, que somente saem de seus refúgios durante à noite. Ele é imune à praga, sente a dor de viver sozinho num mundo vazio, carrega a angústia de ter visto a mulher Virginia (Emma Danieli) e a filha pequena Kathy (Christi Courtland) serem afetadas pela contaminação, caminha de dia como uma “lenda” caçando e exterminando os infectados, cravando-lhes uma estaca no coração e carbonizando os corpos numa imensa vala, e se protege de noite escondendo-se em sua casa, resistindo ao constante ataque das criaturas. Porém, sua rotina muda quando em um de seus passeios diurnos pela cidade morta, ele encontra uma mulher, Ruth Collins (Franca Bettoia), que aparentemente não está infectada.
Um filme em preto e branco, produção européia dos anos 60 do século passado e com Vincent Price. Essa combinação de fatores desperta inevitavelmente uma atenção nos apreciadores do cinema fantástico do passado. Curiosamente, os ataques noturnos das criaturas infectadas contra a casa do cientista isolado serviram de inspiração para George Romero conceber o seu clássico absoluto “A Noite dos Mortos-Vivos” alguns anos depois, em 1968, nas seqüências envolvendo os zumbis tentando invadir a casa de campo que servia de refúgio para um grupo de sobreviventes.
O filme foi lançado em DVD no Brasil pela “Multi Media Group” com uma capa ridícula. Pelo menos houve uma compensação e corretamente mantiveram o mesmo título, “Mortos Que Matam”, que já era conhecido por aqui há muitos anos. Como materiais extras, temos as filmografias dos atores Vincent Price, Franca Bettoia e Emma Danieli, além do diretor italiano Ubaldo Ragona e do americano Sidney Salkow, mais conhecido por seus filmes de western. Tem ainda uma galeria com algumas fotos e um documentário apresentado pelo cultuado diretor e produtor William Castle (1914 / 1977), mostrando cenas comentadas de seus divertidos filmes lançados entre o final dos anos 50 e meados da década de 60 como “Mr. Sardonicus” (61), “The Old Dark House” (63), “Homicidal” (61), “Zotz!” (62), “Macabre” (58) e “House on Haunted Hill” (59). Castle ficou bastante conhecido pela criatividade em apresentar truques nas salas de cinema, com o objetivo de interagir com o público, como esqueletos que voam sobre as pessoas, cadeiras que trepidam e emitem pequenos choques elétricos, folhetos distribuídos aos espectadores onde eles podiam escolher o destino do protagonista, e várias outras campanhas de marketing incomuns. O mais curioso desses materiais extras é que William Castle não tem nenhuma relação com o filme “Mortos Que Matam”, mas de qualquer maneira o documentário é um grande presente, que acompanha o filme.

“Mortos Que Matam” (The Last Man on Earth / L´ Ultimo Uomo Della Terra, Estados Unidos / Itália, 1964) # 469 – data: 20/11/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 21/11/07)

Planeta Terror (Planet Terror, 2007) (segmento de "Grindhouse")


Infelizmente, o Brasil é um país que não trata o gênero horror com o devido respeito, e como conseqüência, nós que somos apreciadores desse gênero de cinema, acabamos sendo prejudicados. São muitos os erros cometidos pelos responsáveis na distribuição dos filmes por aqui, desde o esquecimento de produções importantes que não chegam ao país, sendo preteridas por porcarias que não acrescentam nada, passando pelos péssimos nomes que a maioria dos filmes recebe aos estrearem nos cinemas, e o tratamento ruim e amador com que todo o sistema de uma forma geral é trabalhado.
Mas, às vezes, somos surpreendidos com exemplos positivos como foi o caso de “Planeta Terror” (Planet Terror, EUA, 2007), dirigido por Robert Rodriguez, sendo o primeiro segmento de “Grindhouse” (a outra história é dirigida por Quentin Tarantino e se chama “Death Proof”). O título nacional foi bem escolhido, e o filme entrou em cartaz nos cinemas no dia 09/11/07, o que pode ser considerado um fato inusitado, uma vez que muitos outros filmes interessantes e com potencial, tiveram suas estréias canceladas e foram lançados diretamente no mercado de vídeo. É verdade que o filme teve uma passagem rápida nos cinemas, em poucas salas e horários, e o ideal seria que “Grindhouse” fosse exibido inteiro, de uma só vez, mas somente o fato de um filme com características tão toscas propositais, indo contra o esquema comercial que domina o mercado, já é algo a ser enaltecido. Pois encontramos desde chuviscos e tremedeiras na imagem, passando por falhas no som, até pedaços de filme faltando, tudo isso fazendo parte da homenagem dos realizadores ao cinema bagaceiro dos anos 70 do século passado, filmes sem compromisso com a lógica e que eram exibidos em salas vagabundas.
“Planeta Terror” é extremamente sangrento e exagerado, com uma história repleta de clichês onde um grupo de sobreviventes de uma contaminação tóxica luta por suas vidas contra uma legião de zumbis podres que querem devorá-los. Tiroteios, correrias, sangue, tripas, cabeças estouradas e mutilações para todos os lados. Vale destacar a presença no elenco de nomes como o cineasta Quentin Tarantino, o maquiador Tom Savini, e atores como Michael Biehn, Bruce Willis, Jeff Fahey, Josh Brolin e Michael Parks, todos claramente se divertindo muito em seus papéis.

“Planeta Terror” (Planet Terror, Estados Unidos, 2007) # 468 – data: 10/11/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 21/11/07)

Jogos Mortais IV (Saw IV, 2007)


Lançado nos cinemas brasileiros em 26/10/07, essa é uma daquelas franquias de horror que são muito populares e comentadas, tanto que todos os filmes foram exibidos nas telas grandes, devido ao satisfatório retorno comercial que a marca já garante aos produtores. O mesmo acontece de forma similar com outras franquias como “Premonição” e “Resident Evil”.
Nesse quarto filme, continua a idéia de uma trama complexa cheia de surpresas, reviravoltas e revelações, manipulando o espectador com pistas e convidando a interagir com os tais “jogos mortais” planejados por Jigsaw (Tobin Bell). Existe uma significativa relação de eventos com os filmes anteriores e qualquer informação adicional sobre a história poderá ser um importante “spoiler”. O que pode ser revelado sem comprometimento, é que a violência característica da série, com mortes sangrentas e criativas, continua com grande intensidade.
Mas, nota-se claramente a existência de muitas situações forçadas e que a combinação entre armadilhas, torturas e sangue já não funciona mais com a mesma eficiência, sinalizando para o fim da série como uma atitude de bom senso. Porém, não é o que provavelmente pensam os produtores, ao deixarem um enorme gancho para a continuidade com um quinto filme.

“Jogos Mortais IV” (Saw IV, Estados Unidos, 2007) # 467 – data: 02/11/07
www.bocadoinferno.com / www.juvenatrix.blogspot.com (postado em 03/11/07)

1408 (1408, 2007)


Com estréia nos cinemas brasileiros em 02/11/07, baseado em história do escritor Stephen King, dirigido pelo sueco Mikael Hafstrom e com astros como John Cusack e Samuel L. Jackson, “1408” (1408, EUA, 2007) é um filme empolgante e não perde tempo, mergulhando o espectador no mistério que envolve o quarto 1408 de um antigo hotel em New York, palco de suicídios e com fama de assombrado por fantasmas perturbados. Cusack é o escritor Mike Enslin, que decide passar uma noite no temido quarto 1408, mesmo sendo alertado das prováveis conseqüências pelo gerente do hotel, Gerald Olin (Jackson).
O final é de arrepiar, dando aquela sensação incômoda de desconfiança sobre a existência de muitas coisas inexplicáveis em nossa realidade.
A filmografia baseada na obra literária de Stephen King é imensa, mas a maioria dos filmes é considerada de pequena relevância, não igualando a qualidade de seus livros. Porém, “1408” é certamente um dos poucos exemplos significativos e que merece uma atenção especial.